Ela é o que se pode chamar de “mulherão”, anda armada e sabe atirar. Aos 32 anos, 12 deles a serviço da Polícia Militar em Vilhena, a cabo Julhane Duarte Paslauski faz sucesso nas redes sociais, com postagens divertidas, principalmente sobre relacionamentos –e a falta deles. Evita política em suas publicações, por motivos óbvios nestes tempos de polarização: “falar de política nas redes sociais é só pra passar raiva”.
Atualmente, a cabo Julhane faz serviços internos, mas às vezes é chamada para reforçar o patrulhamento nas ruas. Aliás, durante 07 anos, ela atendeu ocorrências, e já ajudou a desarmar marmanjo munido de facão.
Mãe de uma menininha de 2 anos e 1 mês, a policial diz que não teme a represália de bandidos, e explica porque se expõe tanto no Facebook: “Procuro, em toda e qualquer ocorrência que participo, usar da legalidade para não existir um motivo para vingança, agora, não posso me esconder do mundo”. E ela não se esconde mesmo: publica fotos de si e da filha quase diariamente. Os superiores não se opõem, pois, de certa forma, a “milica” ajuda a divulgar o trabalho da corporação, principalmente quando posa com a farda.
Sobre o assédio masculino, Julhane admite já ter sido vítima de um conquistador: “vivi essa experiência uma única vez, foi algo tão estranho que hoje acredito que nem ele se dava conta da situação que me causava constrangimento. Aí, me impus, ele se desculpou e nunca mais se repetiu”
Sobre o fetiche masculino pela indumentária militar, ela explica que a situação é meio-a-meio: “a farda ajuda e atrapalha: hoje muitos homens admiram a profissão e gostam de mulheres independentes, mas acontece o inverso com uma outra parcela”.
O site pediu que a entrevistada deixasse um conselho para as mulheres vítimas de violência: “ainda que com receio, busque ajuda. Se já é difícil com ajuda, sozinha é muito pior; não sintam medo, muito menos vergonha, denunciem, sim, pois ainda que prometam parar, as estatísticas mostram que quando o individuo tem personalidade agressiva, a tendência é só piorar”.
Quanto a conciliar o trabalho policial com a rotina de cuidar da pequena (e sapeca) Jade, a mamãe-fardada revela: “quando estou no trabalho, ela fica no berçário, local que pesquisei, procurei recomendação e onde ela se sente bem. Quando precisamos reforçar o serviço de rua, que foge da minha rotina, conto com uma cunhada, uma irmã e o pai da minha filha. Embora não formemos um casal, posso dizer que somos uma boa equipe quando o assunto é a Jade”.
Via Folha do Sul