O site (vide fonte abaixo) entrevistou, nesta sexta-feira, 26, o médico Eduardo Moreira Scholer, um dos especialistas que tem feito a intubação de pacientes com a Covid-19 em Vilhena. Além dele, outros profissionais estão recebendo treinamento, usando um boneco que reproduz com perfeição a anatomia humana, para executar o procedimento.
O cirurgião oncológico de 40 anos, que desde o ano passado atua no Hospital Regional, explicou o quanto é dolorosa a intubação, e revelou em que momento ela precisa ser feita para salvar a vida do paciente com dificuldade para respirar.
Scholer explicou que o nível de saturação de oxigênio no sangue do paciente, que em condições normais é acima de 95%, é medido por um aparelho chamado oxímetro. Antes da intubação, para aumentar a oferta de oxigênio ao paciente é usado um cateter com gás.
No caso de ataque pelo Coronavírus, os pulmões são severamente afetados, e em alguns casos o paciente não consegue mais manter a respiração espontaneamente. É neste momento que é feita a intubação, para que a pessoa receba o ar nos pulmões, fornecido pelo respirador mecânico.
DOR AO EXTREMO
Por ser uma região sensível e cheia de nervos, as vias áreas (da boca à traquéia) acabam sendo atingidas no momento da intubação, o que provoca uma dor insuportável no paciente. Por isso mesmo, ele é sedado antes do procedimento. E é um sedativo potente: Fentanil, que só perde para a morfina, ministrada em casos extremos.
OS RISCOS
A intubação é um processo que expõe toda a equipe médica envolvida a grande risco: isso porque o paciente tosse e lança grande quantidade de secreções no ar. “E aquilo tem vírus a torto e a direito. Se não realizarmos o procedimento na sequência correta e não estivermos muito bem protegidos, é contaminação na certa”, explica o especialista.
HORRÍVEL DE VER
Embora seja uma das últimas medidas para tentar evitar mortes, a intubação, reconhece o médico, não é uma coisa bonita de se ver. “Precisamos fazer o paciente dormir. E, quando o quadro é grave, nós o colocamos de barriga para baixo, para que a secreção saia da área afetada do pulmão. Aí, são feitas sessões de fisioterapia a fim de ajudar na recuperação desse órgão respiratório”, conta Eduardo, acrescentando que, dependendo do quadro, o entubado chega a ficar 20 horas de bruços.
SEM ALIMENTOS “NORMAIS”
Como o paciente é mantido dormindo, através da sedação, garantida por medicamentos, ele só se alimenta por sondas. E só é despertado do sono induzido quando os pulmões recuperam a capacidade respiratória e não precisam mais de auxílio do ventilador mecânico, o que pode levar dias.
TRISTE ESTATÍSTICA
O cirurgião diz que, embora a intubação salve muitas vidas, a verdade é que os números são desfavoráveis aos pacientes que chegam a este estágio, não só em Vilhena, mas em todo o Brasil: de cada dez entubados, apenas entre 3 e 4 sobrevivem.
Fonte: Folha do Sul