Há mais de 100 anos o mundo celebra o Dia Internacional da Mulher, em 8 de março. A data surgiu em 1910, para lembrar a luta de mulheres operárias de Nova York que reivindicavam melhores condições de trabalho, salários dignos e outros direitos.
Mais de um século se foi e o mês de março inteiro, em todo o planeta, passou a ser dedicado às questões das mulheres. E acredite! Mesmo tanto tempo depois elas seguem lutando por espaço, igualdade, justiça e liberdade. Infelizmente ainda hoje, vivemos em uma sociedade machista, que julga, cobra e questiona as mulheres, pelos mais variados motivos. Portanto, segue a luta!
E a medicina ainda é uma das áreas complicadas para a atuação de uma mulher. Já evoluímos muito, mas preconceito não falta. Felizmente, médicas talentosas e dedicadas ao ofício seguem fazendo seu trabalho e, além de cuidarem da saúde física, ajudam mulheres a elevarem a autoestima, recuperarem a dignidade, o amor próprio e o bem estar emocional.
Acolhida médica
Na parte da medicina estética, principalmente, um atendimento humanizado torna-se cada vez mais importante e é uma ajuda e tanto na vida emocional das mulheres. “A grande maioria das pacientes chega ao meu consultório com algum grau de perda da autoestima, buscando melhoras com a cirurgia plástica”, conta a cirurgiã Thamy Motoki, de São Paulo. Ela explica que os procedimentos mais buscados na atualidade são a toxina botulínica e os preenchedores de ácido hialurônico. Entre as cirurgias mais procuradas estão lipoaspiração, mamoplastia e o mommy makeover (operação plástica pós-parto e amamentação).
A idade das mulheres que buscam esses atendimentos varia de 25 a 35 anos. “Primeiramente busco entender as dores daquela mulher que está diante de mim. E, a partir daí, tento ajudá-la a resgatar a autoestima, ressaltando sua beleza e corrigindo aquilo que incomoda em seu corpo. Mas é claro, sempre a base de muita conversa para que possamos alcançar as expectativas dentro da realidade”, pontua a dra. Thamy.
Um fato muito comum é que quando uma mulher chega para uma consulta, uma análise com uma cirurgiã plástica, muito mais do que a correção de algo que lhe incomoda, ela busca apoio, parceria e alguém que levante seu astral. “Além do atendimento médico em si, as pacientes procuram apoio em um momento de incerteza. Elas nos relatam angústias e expectativas, e acabam, muitas vezes, externando problemas que vão muito além do motivo que as levaram até a consulta”, explica Thamy.
As mulheres se entendem e se acolhem (ou pelo menos devia ser assim). E ter uma médica à frente de um atendimento torna a situação mais confortável, tanto para a profissional da saúde, quanto para a paciente. “Creio que consigo me colocar muito melhor no lugar delas justamente por ser mulher. E aí fica mais fácil entender a forma como elas estão pensando. No final das contas, tenho várias pacientes que se tornaram minhas amigas. Inclusive, já fui até madrinha de casamento de uma delas (risos)”, diz a doutora, orgulhosa.
Mas, como sempre, para as mulheres nem tudo no mercado de trabalho é assim tão simples, né? E engana-se quem pensa que para exercer a profissão basta apenas estudar. Há muitos obstáculos e desafios, seja em que área de atuação for. No caso da medicina, a dra. Thamy afirma que o preconceito ainda existe, apesar de velado. “Seja por ser mulher, ou por ter me formado jovem, ainda mais no meio cirúrgico. Já passei por várias situações de preconceito, desconfiança, mas sempre soube me impor e isso fez toda a diferença. Hoje trabalho com uma equipe grande composta por homens e mulheres em que o respeito é primordial”, ressalta a cirurgiã.
Outro ponto importante levantado por Thamy Motoki diz respeito à participação das mulheres na área médica, que está cada vez mais forte e predominante. Coisa inimaginável há cerca de 50 anos. “Na ciência essa participação feminina também é cada vez mais expressiva. Isso me deixa muito animada. Mas ainda preocupa o fato de vivermos em uma sociedade tão cheia de preconceito com profissionais mulheres. Creio que deva haver mais fiscalização dentro dos centros formadores de profissionais da saúde para que sejam barradas atitudes preconceituosas de todos os tipos”, pontua a doutora.
Mulheres se entendem
E se muitas mulheres se preocupam com o corpo, em melhorar uma coisinha aqui, outra ali, através de cirurgias ou tratamentos estéticos, o que dizer sobre a importância dos cabelos e da pele do rosto? Eles são considerados verdadeiros cartões de visita e, no caso dos cabelos, a moldura da face.
Pois a médica tricologista Dra. Luciana Passoni, de São Paulo, compactua com as mesmas ideias de sua colega Thamy no que diz respeito à atuação na medicina e ao atendimento do público feminino. “Geralmente, qualquer procedimento estético ou tratamento (como no caso de queda de cabelo), a mulher chega ao consultório com a autoestima baixa, sentindo-se feia, para baixo e através das técnicas que aplicamos, conseguimos trazer uma nova luz para essa paciente, uma nova vida”, diz Luciana.
Especialista e referência na área de tratamentos e transplantes capilares, a médica afirma que a partir dos 25 anos é quando as mulheres começam a procurar procedimentos estéticos em seu consultório. E, segundo ela, no caso de queda ou problemas no cabelo e couro cabeludo, muitas buscam o atendimento até mais cedo, logo após a primeira menstruação, quando ocorre uma mudança radical de hormônios no organismo feminino.
“Como resgatar a autoestima dessa mulher que chega até mim angustiada, desanimada? Primeiro fortalecendo o que ela já tem de bom, realçando o belo que há de verdade nessa paciente. E, então, procuro melhorar através de tratamentos e cuidados, as críticas que ela me leva sobre sua aparência, em relação ao rosto e ao cabelo”, conta a médica especializada em tricologia e dermatologia.
Muito além do atendimento clínico, Luciana Passoni também acredita que uma médica acaba, sim, tornando-se, também, uma terapeuta para aquela paciente que a procura em busca de se sentir melhor com a aparência e a saúde. “Nós nos tornamos bons terapeutas, e muitas vezes, grandes amigas. Não raramente o que está por trás de uma queixa estética, tem a ver com o lado emocional afetado em uma briga com marido, com uma amiga, ou algum tipo de relacionamento que não datado certo. Para entender os questionamentos e inseguranças daquela mulher é preciso descobrir todo um contexto, o que está acontecendo na vida daquela mulher por trás do consultório, no dia a dia dela”, explica a especialista.
Luciana acredita, ainda, que uma mulher sempre é capaz de entender melhor outra mulher e na área da medicina, na relação paciente/médico, isso fica ainda mais evidente. “O que acontece é que só nós sabemos as alterações hormonais pelas quais passamos, tanto pré quanto pós-menopausa. O quanto nós retemos de líquido, o quanto a celulite incomoda… São pontos que os homens não têm muita ideia, né? Tanto que ficamos com autoestima afetada quando engordamos, notamos uma ruga, flacidez, queda de cabelo… Para os homens, na maioria das vezes, isso não é um questionamento tão forte”, analisa a médica.
Sobre a atuação das mulheres na área da medicina, a Dra. Luciana também ressalta o preconceito que já sofreu, mesmo que de forma meio disfarçada, mas sempre dando aquela cutucada deselegante para dar a entender que mulher não pode isso ou não tem capacidade daquilo. “Já sofri preconceito sim. Mas o que mais me chateia, é que acontece de vez em quando, são pessoas que vão comentar nas minhas redes sociais, coisas do tipo: para mim tudo é fácil porque tenho um marido rico! Então, sempre que estou fazendo alguma coisa bacana, uma viagem gostosa, um passeio, tudo isso é vinculado ao que meu marido pode me proporcionar, e não ao que eu mesma posso me proporcionar. Isso sempre acontece!”, conta a médica, lamentando.
As cobranças para as mulheres, todos sabem, são sempre triplicadas. Elas precisam sim, dar conta de tudo e estarem sempre lindas e dispostas, segundo a sociedade, não é? Segundo Luciana, o maior desafio das mulheres no mercado de trabalho é ter a obrigação de dar conta de absolutamente todas as áreas de sua vida. “A mulher precisa sempre dar conta. No caso de mães (seja de bebês ou de pets), ela precisa ser sempre incrível: dar conta de ficar bonita e ser expert no trabalho. Ao mesmo tempo, ficar linda, cuidar dos filhos, da casa, do marido, da família. Essa questão da mulher ser mais a cuidadora da casa e ter que ser perfeita no trabalho… Ah, isso pega muito, mesmo nos tempos “modernos” em que vivemos, né?”, pontua a médica.
Por Amanda Galdino / Assessora