Uma doença rara, de causas desconhecidas e que ataca principalmente o intestino. Assim pode ser descrita a Doença de Crohn, enfermidade que atinge igualmente homens e mulheres jovens, com idades entre 20 e 40 anos, embora também possa incidir sobre crianças e idosos.
A doença foi descoberta no ano de 1932, pelo médico norte-americano chamado Burrill Crohn. A Doença de Crohn, como foi batizada, ataca diretamente o sistema digestivo, em especial a parte inferior do intestino delgado e o cólon. É uma inflamação que atinge todas as camadas da parede do intestino, bem como mucosa, submucosa, muscular e serosa, provocando lesões em todo o trato digestivo.
A doença ainda é classificada como autoimune, pois é provocada pelo nosso próprio sistema imunológico, que começa a funcionar de forma inapropriada após ser acometido por uma infecção viral ou bacteriana.
O gastroenterologista e gerente médico de internação clínica da Rede D’Or São Luiz, Antônio Carlos Moraes, ressalta que os principais sintomas são dores abdominais e diarreia. “O paciente costuma ter diarreia crônica, muitas vezes, com a presença de sangue e de muco parecido com catarro nas fezes. Também é comum haver dores fortes e febre. Crianças acometidas pela doença podem ter déficit de crescimento”, explica.
Além da região intestinal, a Doença de Crohn pode chegar a outras partes do corpo, alerta o gastroenterologista. “Podem ocorrer manifestações extra intestinais, como dores nas articulações, principalmente nas mãos e nos pés, lesões e feridas dolorosas na pele também são comuns. Esse conjunto de sintomas nos faz pensar na possibilidade de ser uma doença inflamatória intestinal, por isso, o paciente deve procurar rapidamente um ambulatório ou médico especializado em doença inflamatória intestinal”, complementa.
O diagnóstico tardio pode comprometer o funcionamento intestinal e agravar os casos. Como a Doença de Crohn pode provocar fissuras e fístulas no organismo, o sistema digestivo pode sofrer com obstruções e perfurações, que podem drenar para a região perineal e para a bexiga.
Exames para diagnóstico de Doença de Crohn
O primeiro exame solicitado pelo médico para iniciar o diagnóstico para a Doença de Crohn é o exame de fezes, chamado calprotectina. Ele ajuda a identificar atividades inflamatórias na região do intestino. Mas quando se trata da Doença de Crohn, todo o sistema digestivo pode ser comprometido. Por isso, exames de imagem, como a tomografia podem ser solicitados.
Além deste, para que o médico possa ter ainda mais certeza sobre o diagnóstico, é recomendado incluir a ressonância magnética, uma vez que o exame possibilita uma análise mais ampla do tamanho do comprometimento na área. Os dois exames de imagem estão preconizados no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença de Crohn do Ministério da Saúde.
Como é o tratamento da Doença de Crohn
Pacientes diagnosticados com a Doença de Crohn têm, em média, de duas a cinco vezes mais chances de desenvolverem câncer de cólon do que a população em geral. Por isso, o acompanhamento médico deve ser regular e os exames feitos rotineiramente. Quem tem familiares que sofrem com a doença também possuem mais chances de desenvolver a enfermidade.
O Crohn não tem cura, mas pode ser tratado com resultados satisfatórios. “O tratamento é escalonado e vai depender da extensão da doença. É preciso levar em conta quanto do intestino está comprometido e qual a intensidade deste comprometimento, se está leve, moderado ou grave. Em média, usamos medicamentos como imunossupressores”, relata Antônio Carlos Moraes.
A terapia biológica é outra forma de tratamento cada vez mais usada em pacientes com Doença de Crohn. “A terapia biológica trouxe um grande avanço, pois com ela conseguimos ‘encapar’ os receptores inflamatórios do intestino que estão, teoricamente, desencapados na doença. Assim, conseguimos diminuir o uso dos mediadores inflamatórios e, consequentemente, a agressão a esses receptores é menor. Podemos afirmar que o avanço da qualidade de vida com a terapia biológica é muito grande”, enfatiza o gastroenterologista da Rede D’Or São Luiz.
A escolha de qual medicamento e de qual método será usado depende de cada caso. Lesões mais graves, que ocorrem quando a doença está mais avançada, podem necessitar de uma cirurgia. A mesma é indicada para pacientes que já apresentaram um quadro de obstrução intestinal, doença perineal, hemorragias e fístulas.
A prevenção à Doença de Crohn
Por mais que seja uma doença autoimune, e suas causas não sejam totalmente conhecidas, alguns fatores podem ajudar na prevenção da Doença de Crohn. São eles: evitar o cigarro e ter uma dieta moderada, sem excesso de comidas gordurosas.
Para quem já tem a doença diagnosticada, o fumo é proibido e a alimentação deve ser balanceada, de preferência, acompanhada por um nutricionista. O paciente deve controlar o peso, evitar situações de estresse e praticar atividades físicas moderadas, além de manter acompanhamento médico constante.