Pelo acompanhamento do INCA (Instituto Nacional de Câncer), 625 mil novos casos de câncer devem ocorrer no Brasil em 2020, porém, as chances de cura que, nos últimos anos, estão na faixa entre 60% e 70%, devem diminuir em função do comportamento das pessoas diante da Covid-19. Isso porque o adiamento no diagnóstico e tratamento devido à quarentena representa risco de morte para milhares de pessoas, já que alguns tipos de câncer evoluem rapidamente a ponto do intervalo entre 30 e 90 dias ser definitivo para a sobrevivência ou não de um paciente.
O alerta é do oncologista e professor do curso de Medicina da Universidade Positivo, Luiz Antonio Negrão Dias. Ele chama a atenção para o fato de que cada 10% de queda na taxa de cura representa 30 mil mortes a mais no Brasil. “O câncer possui no tempo um fator progressivo, uma corrida contra o relógio, principalmente quando é no pâncreas ou pulmão”, informa.
De acordo com o médico, com a pandemia, o isolamento social e o medo do contágio, a procura de novos pacientes pelas consultas médicas reduziu de 50% a 75% na capital paranaense – e a redução, em maiores ou menores proporções, foi observada em todo o país. Na visão dos médicos oncologistas, isso está fazendo com que muitos pacientes novos não estejam sendo diagnosticados. “Enquanto os pacientes estão isolados, a doença está progredindo com risco de que o diagnóstico possa ser retardado a ponto de determinar a diferença entre cura ou não do câncer. Não temos como prever isso agora e muito vai depender da agilidade de diagnóstico e tratamento após a pandemia”, avalia Negrão Dias, apontando para uma provável sobrecarga de pacientes após o isolamento.
Tal situação não se limita ao Brasil. De acordo com um estudo da University College London e do DATA-CAN, o Centro de Pesquisa de Dados de Saúde para o Câncer, quase 18 mil pessoas podem morrer de câncer no próximo ano na Inglaterra devido ao impacto do Covid-19. Esse risco também está relacionado ao fato de que a maioria dos pacientes com câncer ou com suspeita de câncer não está acessando os serviços de saúde no Reino Unido.
Por Central Press