Pela primeira vez em quase vinte anos, uma nova cepa do vírus HIV, causador da AIDS, foi descoberto por cientistas. A mando da gigante americana da área de saúde Abbott, pesquisadores encontraram um subtipo até então desconhecido do vírus que pode ajudar a conter futuros surtos e planejar novas formas de tratamento. No Brasil, quase 870 mil pessoas convivem com o vírus da imunodeficiência humana, enquanto o número global ultrapassa a casa dos 37 milhões.
O estudo que disseca a descoberta foi publicado nesta quarta-feira, 6, no periódico científico JAIDS (Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes). O novo subtipo encontrado pertence ao grupo M do HIV. Este é apenas um dos quatro grupos em que se subdivide o vírus. A nova cepa foi apelidada de “L” e se junta a outras dez cepas já catalogados pela comunidade científica.
A primeira amostra do subtipo L foi coletada ainda na década de 80. Na época, no entanto, ainda era praticamente impossível sequenciar genomas. Além disso, a pequena quantidade de material reunida dificultava ainda mais a análise.
Atualmente, contudo, a tecnologia para esse processo é muitíssimo avançada, permitindo que cientistas realizem sequenciamentos completos de forma rápida e barata. Assim, em 2019, o subtipo L pôde finalmente ser estudado a fundo.
Agora identificada, a cepa será acompanhada de perto por médicos e especialistas do mundo todo, o que pode ajudar a conter novas pandemias virais. Além disso, abre-se a possibilidade de, no futuro, criar novos medicamentos e até mesmo vacinas com base no estudo da estirpe.
A descoberta é fruto de um programa da Abbott que já dura 25 anos e que tem como objetivo monitorar o HIV e o vírus da hepatite. Desde o começo da empreitada, a empresa coletou mais de 78 mil amostras de vírus e identificou mais de 5 mil subtipos distintos.
Conforme afirmou Mary Rodgers, bióloga chefe do Programa Global de Vigilância Viral da Abbott e cientista principal do estudo, a VEJA: “Graças aos esforços da comunidade global da área da saúde nas últimas décadas, a meta de acabar com a pandemia de HIV está se tornando atingível”.
Apesar dos avanços, no entanto, Mary ressalta a importância de nos mantermos vigilantes. “A nossa descoberta foi só o primeiro passo. Agora, podemos focar em novos tratamentos e vacinas para esse subtipo, o que já representa uma melhoria”, concluiu.
Via Veja – Por Sabrina Brito