Em entrevista coletiva, o promotor paraguaio Federico Delfino disse nesta quinta-feira que os números dos passaportes apreendidos com Ronaldinho Gaúcho e seu irmão Roberto Assis pertencem a outras pessoas e foram retirados em janeiro deste ano.
“Já verificamos que os números de passaporte pertencem a outras pessoas. São passaportes originais, mas com dados apócrifos. Esses passaportes foram tirados em janeiro deste ano”, disse Federico Delfino.
No início desta manhã, Ronaldinho e Assis chegaram à sede da Procuradoria contra o Crime Organizado para prestar depoimento. Eles foram detidos na noite de quarta-feira acusados de portar passaportes falsos.
Segundo Delfino, Ronaldinho chegou ao Paraguai com documentos brasileiros. No aeroporto, ainda na manhã de quarta-feira, ele e o irmão receberam os passaportes paraguaios.
Embora os números dos passaportes são de documentos de outras pessoas, as cédulas são verdadeiras e foram retiradas em dezembro de 2019. A investigação do Ministério Público vai apontar como foi feita essa possível falsificação.
Ronadinho e o irmão responsabilizaram o empresário Wilmondes Sousa Lira pela entrega dos documentos. Ele foi detido.
O caso
Nessa quarta-feira, a Polícia Nacional Paraguaia cumpriu mandado judicial no hotel de luxo Yacht y Golf Club Paraguayo, onde Ronaldinho estava hospedado no município de Lambaré, perto da capital Assunção. Na suíte presidencial do ex-craque foram encontrados os passaportes adulterados.
O Ministério Público do Paraguai divulgou fotos do momento da averiguação no hotel. Ronaldinho e Roberto Assis portavam, além de passaportes paraguaios, cédulas de identidade do país.
Ronaldinho e Roberto Assis firam sob custódia no hotel antes do depoimento.
Os irmãos informaram à Polícia Nacional que viajaram ao Paraguai a convite do empresário Nelson Belotti, dono do cassino Il Palazzo. Aproveitando a estada no país, participariam de eventos da fundação Fraternidad Angelical.
Fazem parte da operação a juíza Gladys Fariña e os fiscais de assuntos internacionais Manuel Doldán, Federico Delfino, Alicia Sapriza, Marcelo Pecci.
Na operação desta quarta-feira, também foi detido o brasileiro Wilmondes Sousa Lira,empresário acusado de fornecer os passaportes adulterados a Ronaldinho e a Roberto Assis.
Segundo a imprensa paraguaia, Ronaldinho será ainda investigado por conexões com organizações criminosas e crimes financeiros, como lavagem de dinheiro.
O ministro Euclides Acevedo criticou o trabalho do departamento de migração do Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, que permitiu o acesso do jogador ao país sem averiguar corretamente o passaporte. “Não deveriam permitir a entrada com documento suspeito”.
Ainda de acordo com o ministro, a popularidade de Ronaldinho é respeitada, mas o Estado de direito obriga a Polícia Nacional a aplicar a lei sem privilégios.
Ronaldinho chegou ao Paraguai nesta quarta-feira para lançamento de um livro e para participar de um evento ligado a uma fundação de assistência a crianças em situação de pobreza: a Fraternidad Angelical. Ele foi recebido por centenas de pessoas no aeroporto de Assunção.
Passaportes retidos em 2019
No começo de 2019, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Assis tiveram os passaportes retidos pela Justiça brasileira em consequência de uma ação movida contra eles.
Os irmãos foram condenados em 2015 por construir ilegalmente um trapiche, com plataforma de pesca e atracadouro, na orla do Lago Guaíba, em Porto Alegre.
A estrutura foi montada sem licenciamento ambiental em Área de Preservação Permanente. Ele foi condenado a pagar R$ 8,5 milhões.
Como não houve o pagamento da multa, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul determinou a apreensão dos passaportes dos irmãos até a solução do impasse.
Mesmo sem poder sair do Brasil, Ronaldinho foi nomeado embaixador do Turismo em setembro passado pelo presidente Jair Bolsonaro. Um mês depois, ele e o irmão fizeram um acordo na Justiça para pagamento da multa e receberam os passaportes de volta.
Via Superesportes