O desembargador Roosevelt Queiroz Costa determinou nesta quinta-feira (8) que a 1ª vice-presidente da Câmara Municipal de Cacoal (RO), vereadora Maria Simões (Solidariedade), assuma a prefeitura da cidade. A medida cautelar de urgência acontece após a prisão da então chefe do executivo, Glaucione Rodrigues, por envolvimento em um suposto esquema de propina.
À Rede Amazônica, Maria Simões informou que foi notificada da decisão e que tomou posse do cargo ainda na noite desta quinta. A decisão de caráter emergencial ocorreu depois que o presidente da Câmara de Vereadores, Valdomiro Corá, abriu mão de assumir a gestão interinamente.
No texto, Roosevelt cita que a determinação não envolve a questão criminal em que Glaucione está envolvida, “pois o tema é pertinente ao campo eleitoral”. O desembargador reforça ainda que a prefeita segue afastada do cargo por 120 dias.
Dez vereadores da cidade aprovaram nesta semana a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra a prefeita afastada. A comissão, que é formada por três vereadores, tem até 90 dias para concluir o processo de cassação do mandato de Glaucione.
Após a notificação, Glaucione tem 10 dias para apresentar a defesa. Em seguida, a comissão ouvirá a versão da prefeita sobre a Operação Reciclagem, da Polícia Federal (PF). Já os três vereadores que compõem a comissão terão cinco dias para produzirem um relatório e colocarem em votação.
Maria Simões
Nascida em Cacoal e filha de pioneiros do município, Maria Aparecida Simões tem 45 anos e é mãe de três filhos. A vereadora e nova prefeita da cidade é formada em administração com especialidade em Metodologia Didática do Ensino Superior.
Maria trabalhou na empresa SAAE como Diretora Financeira e logo seguiu à carreira política. Esse é seu segundo mandato como vereadora. O primeiro foi de 2013 a 2016.
Prisão de Glaucione
Glaucione Rodrigues foi afastada do cargo e presa pela Polícia Federal (PF) em setembro durante a Operação Reciclagem, que apura crimes contra a Administração Pública.
Além de Glaucione, o marido dela e ex-deputado, Daniel Neri, e os prefeitos de Rolim de Moura, São Francisco do Guaporé e Ji-Paraná foram detidos. O grupo é investigado pela prática do crime de concussão, que é quando alguém utiliza do cargo público para obter vantagens indevidas.
A defesa de Glaucione e dos outros investigados informou que não irá se manifestar sobre o caso no momento. O advogado de Marcinto Pinto, então gestor de Ji-Paraná, não foi localizado até última atualização desta reportagem.
As prisões dos políticos foram autorizadas pelo Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO) devido aos vários indícios de provas contra os políticos denunciados. Alguns dos pagamentos de propina foram filmados por câmeras.
Segundo o delegado Flori Cordeiro de Miranda Júnior, da PF, a investigação da Operação Reciclagem começou em dezembro de 2019, após um empresário que prestava serviços às prefeituras delatar sobre um esquema de propina.
O denunciante relatou, à época, que uma das prefeituras teria condicionado o pagamento de uma dívida com um prestador de serviço ao repasse de propina. Diante disso ele decidiu denunciar a fraude e delatou os outros três municípios que adotavam a mesma prática de corrupção.
Via G1