O ex-presidente dos Estados Unidos e atual ocupante da Casa Branca, Donald Trump, rompeu o silêncio e se posicionou pela primeira vez, de forma direta, em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em tom desafiador, Trump usou sua rede social, a Truth Social, para afirmar que Bolsonaro é vítima de uma “caça às bruxas” e pediu que as autoridades brasileiras deixem o ex-presidente “em paz”.
A declaração veio acompanhada de críticas duras ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à aliança do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A manifestação ocorre em um momento delicado da política internacional e também de julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de tentativa de golpe após as eleições de 2022.
“Estarei assistindo à caça às bruxas de Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores, muito de perto. O único julgamento que deveria estar acontecendo é um julgamento pelos eleitores do Brasil — chama-se eleição. Deixe Bolsonaro em paz!”, escreveu Trump.
Bolsonaro é réu no STF
Apesar das declarações de Trump, Jair Bolsonaro é réu em uma ação que apura sua suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado, após não reconhecer a derrota para Lula em 2022. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já denunciou 34 pessoas, das quais 31 viraram rés, por envolvimento em atos antidemocráticos.
Trump, ignorando o contexto jurídico brasileiro, tenta enquadrar a situação como perseguição política — uma narrativa semelhante à utilizada por ele próprio nos Estados Unidos, ao longo das investigações que enfrenta.
Trump volta a atacar o Brics e ameaça tarifas
A manifestação em favor de Bolsonaro veio um dia depois de Trump disparar críticas contra o Brics, que realiza sua cúpula anual no Rio de Janeiro. Segundo fontes da Casa Branca, o republicano monitora o evento de perto e considera o bloco uma ameaça aos interesses econômicos dos Estados Unidos.
Trump ameaçou aplicar tarifas de 10% a países que se alinharem às “políticas antiamericanas” do Brics, numa escalada de tensões comerciais e diplomáticas. Em janeiro deste ano, ele já havia falado em tarifas de até 100% para países membros que não seguissem os interesses dos EUA.
Nos bastidores, Washington se preocupa especialmente com a proposta do Brics de criar uma moeda comum para negociações internacionais, vista como um movimento para reduzir a dependência do dólar e fortalecer economias emergentes.
Eduardo Bolsonaro articula ofensiva nos EUA
Nos Estados Unidos desde fevereiro, Eduardo Bolsonaro (PL), deputado federal afastado, vem atuando como elo entre a extrema-direita brasileira e líderes republicanos norte-americanos. O foco da atuação tem sido pedir sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator dos inquéritos que envolvem Jair Bolsonaro.
A fala de Trump deu fôlego à campanha liderada por Eduardo. Em suas redes sociais, ele afirmou que a declaração “não será a única novidade vinda dos EUA neste próximo tempo”, sugerindo que novas manifestações contra o STF podem surgir em breve no Congresso ou no Executivo norte-americano.
Lula reage e afirma que o Brasil não aceita interferência
Em resposta firme, o presidente Lula criticou a declaração de Trump durante uma entrevista coletiva na cúpula do Brics, sem citar diretamente o norte-americano. Ele reafirmou a soberania do Brasil e o compromisso do país com a democracia.
“A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo os que atentam contra a liberdade e o estado de direito”, declarou Lula.
O embate verbal entre Trump e Lula evidencia o clima de tensão geopolítica que se intensifica às vésperas das eleições presidenciais nos EUA e em meio à consolidação do Brics como alternativa de poder global.
Confira a declaração de Lula: