Shinzo Abe, ex-primeiro-ministro do Japão, morreu nesta sexta-feira (8) após ser baleado enquanto fazia um discurso.
O Hospital Universitário Médico de Nara, para onde Abe foi levado para tratamento médico após o tiroteio, confirmou sua morte na noite de sexta-feira, horário local.
O ex-primeiro-ministro de 67 anos foi baleado enquanto fazia campanha em nome do Partido Liberal Democrata na cidade de Nara, perto de Kyoto. As eleições para a Câmara Alta do país estão marcadas para domingo.
Hidetada Fukushima, que operou Abe, disse que o ex-primeiro-ministro foi levado ao pronto-socorro do Nara Medical University Hospital.
“Quando ele foi levado ao hospital, estava em estado de parada cardiorrespiratória”, disse Fukushima em entrevista coletiva. “Eles tentaram ressuscitá-lo, mas às 17h03 (horário local) ele foi declarado morto.”
O atirador, de 41 anos, foi preso. Segundo a emissora pública NHK, o suspeito — que foi identificado como Tetsuya Yamagami, morador de Nara — usou uma arma artesanal.
O atual primeiro-ministro Fumio Kishida disse que o ataque foi “um ato desprezível e bárbaro que ocorreu em meio a uma eleição, que é a base da democracia”, acrescentando que o caso ainda está sendo investigado.
O incidente causou choque no Japão, um país onde a violência armada é extremamente rara. As regras de posse de armas são muito rígidas no país; revólveres são proibidos e qualquer pessoa que queira possuir um rifle de ar ou espingarda deve passar por um extenso treinamento e verificações.
Abe renunciou ao cargo de primeiro-ministro em agosto de 2020, depois de cumprir dois mandatos, devido ao agravamento de sua saúde.
O ex-primeiro-ministro procurou reviver o crescimento econômico do Japão por meio de uma série de políticas de estímulo conhecidas como Abenomics, embora analistas tenham dito que teve resultados mistos para a terceira maior economia do mundo.
Condolências
Antes da confirmação da morte de Abe, Emanuel Rahm, embaixador dos EUA no Japão, disse estar “triste e chocado” com a notícia do tiroteio.
“Abe-san tem sido um líder notável do Japão e um aliado inabalável dos EUA”, twittou Rahm.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, classificou o assassinato de “chocante” e “profundamente perturbador” e descreveu o ex-premiê como um líder de grande visão.
Blinken fez o comentário no início de uma reunião trilateral com seus homólogos japoneses e sul-coreanos à margem de uma reunião dos ministros das Relações Exteriores do G20, em Bali, na Indonésia.
O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, enviou condolências a Akie Abe, esposa de Abe.
“Envio minhas condolências às famílias enlutadas e ao povo japonês que perderam o primeiro-ministro mais longevo e respeitado político da história constitucional do Japão”, disse Yoon em declaração divulgada pelo gabinete presidencial. Yoon acrescentou que o atentado foi “um ato de crime imperdoável”.
Tsai Ing-wen, presidente taiwanesa, afirmou que o mundo perdeu um líder importante e Taiwan perdeu um amigo. “Não só a comunidade internacional perdeu um líder importante, mas Taiwan também perdeu um amigo importante e íntimo. Taiwan e Japão são ambos países democráticos com o Estado de Direito, e nosso governo condena severamente os atos violentos e ilegais”, disse Tsai em uma declaração divulgada por seu gabinete.
A embaixada da China no Japão expressou condolências pela morte. “O ex-primeiro ministro Abe fez contribuições para melhorar as relações China-Japão durante seu mandato. Expressamos nossas condolências por sua morte e enviamos nossas condolências à sua família”, disse um porta-voz da embaixada no site da representação diplomática.
O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, disse estar “atônito e profundamente triste” com a notícia. “Estamos ao lado do Japão mesmo nestas horas difíceis”, disse Scholz em uma publicação no Twitter, expressando sua mais profunda simpatia à família de Abe.
De acordo com o Kremlin, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, enviou um telegrama de condolências à família de Abe e definiu seu falecimento como uma “perda irreparável”. “As belas lembranças desse homem extraordinário ficarão para sempre nos corações daqueles que o conheceram”, acrescentou.
Já o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, expressou o “mais profundo luto” de seu governo pela morte do ex-premiê japonês. “A Itália está chocada pelo terrível atentado que atinge o Japão e seu livre debate democrático. Abe foi um grande protagonista da vida política japonesa e internacional nas últimas décadas, graças a seu espírito inovador e à sua visão reformadora”, disse.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, definiu Abe como “uma pessoa maravilhosa, um grande democrata e um campeão da ordem mundial multilateral”. “Esse brutal e vil assassinato choca o mundo todo”, acrescentou.
O premiê do Reino Unido, Boris Johnson, que está de saída do cargo, disse estar “incrivelmente triste” com a morte do ex-primeiro-ministro e declarou que sua “liderança global em tempos incertos será lembrada por muitos”.