O governo do caçador de marajás, quem nunca ouviu isso? Essa frase é imputada a Fernando Collor, ex-presidente do Brasil, entre 15 de março de 1990 e 29 de dezembro de 1992. O primeiro presidente eleito por voto democrático após mais de 20 anos de ditadura. Em eleição “solteira” e com mais de 22 candidatos, ele foi o escolhido pela população brasileira com 35 milhões de votos.
Sua primeira medida foi a mais bombástica de todas, um dia depois de assumir a presidência, Collor tentava conter 84% de inflação ao mês, a principal medida foi o congelamento da caderneta de poupança dos brasileiros e uma pausa no overnight durante 18 meses. Segundo a super ministra Zélia Cardoso, o restante seria devolvido, em 12 parcelas iguais, a partir de 16 de setembro de 1991, acrescidas de correção monetária e juros de 6% ao ano. Doce ilusão!
Grandes medidas
Apesar disso, o Governo Collor conseguiu aprovar grandes medidas como a reforma de estrutura de Estado e também dois planos de estabilização econômica em um curto período. O ex-presidente enfrentou cartéis poderosos, principalmente o agrícola e o industriais. Os indicadores econômicos melhoraram muito, por exemplo as reservas internacionais chegaram em US$ 23,7 bilhões, houve superávit das contas públicas, graças ao não pagamento da dívida externa do país. Vale lembrar que esse foi um dos grandes motivos para o êxito do Plano Real, que aconteceriam anos depois.
A dívida externa caiu e nesse ínterim Collor abriu o Brasil para o mundo, ele trouxe um ar de modernidade e trouxe grandes empresas, investidores e dinheiro estrangeiro. Olhou a importância do meio ambiente, pois fez inúmeras demarcações de terras indígenas e trouxe a Rio 92 para o Brasil. Collor fez rodar o SUS, de acordo os moldes da constituição de 1988; inovou criando a Lei Rouanet; criou o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), e teve papel importante na criação do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
Trouxe a Argentina para o seu lado, uma “amizade” estremecida. Inseriu o Brasil na conjuntura internacional, aboliu o cheque ao portador, fez reforma administrativa com o fechamento de ministérios, autarquias e empresas públicas e deu o pontapé inicial para o processo de privatização de estatais.
Queda
O governo já não ia bem na parte econômica e no ano de 1992, Pedro Collor, irmão do presidente, fez denúncias gravíssimas a Revista Veja. Ele falou por diversas vezes dos planos de PC Farias e que ele era um testa de ferro para várias operações ilegais no governo. Isso caiu como uma bomba no planalto e enfraqueceu muito a situação de Collor no comando do Brasil.
Depois de alguns dias veio o depoimento de Eriberto, que era o motorista de Ana Acioli, secretária do presidente da República, depois afirmaria à CPI que PC Farias bancava as despesas da família de Fernando Collor. Como a polêmica reforma na Casa da Dinda. E partiu da mão do motorista o cheque que, com assinatura de PC, compraria o famoso Fiat Elba. O testemunho levou à colheita de uma prova concreta e fundamental para a queda de Collor pelo processo de impeachment.
Considerações Finais
Sem dúvida nenhuma o governo Collor combinou modernidade com atraso. Ele venceu os principais caciques da política brasileira, porém em um partido nanico e sem estrutura partidária. Suas relações sempre foram bélicas com os parlamentares, nunca foi criado um canal de comunicação, tirando a sua amizade com o PFL de Antônio Carlos Magalhães. Sempre com muita soberba e arrogância, na época chegou até a desdenhar da CPI. Nunca fez uma grande composição política. Vale lembrar, que ele reduziu o número de ministérios e colocou somente conhecidos dele. A CUT, que sempre foi articulada pelo PT, teve papel fundamental para sempre pressionar Collor no governo também. Sem contar que todas suas medidas enfraqueceram o grande empresariado, logo todos abandonaram ele no meio do caminho. Sem contar toda a corrupção do seu governo.
Não devemos nos esquecer de alguns pontos, todas as suas benfeitorias no comando do Brasil e de que ele era apenas um jovem de 40 anos no comando do Brasil, com toda a sua “pompa” a flor da pele. Após 30 anos de tudo isso, Collor em post no twitter, diz se arrepender de seu plano, que “confiscou” o dinheiro da população. “Acreditei que aquelas medidas radicais eram o caminho certo. Infelizmente errei. Gostaria de pedir perdão a todas aquelas pessoas que foram prejudicadas pelo bloqueio dos ativos”, concluiu o ex-presidente.