O ex-candidato à Presidência Edmundo González Urrutia deixou a Venezuela neste sábado (7) com destino à Espanha, onde conseguiu asilo político.
A viagem do opositor de Nicolás Maduro à Europa foi confirmada pelo ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares.
“Edmundo González decolou de Caracas rumo à Espanha em um avião da Força Aérea Espanhola”, publicou o ministro Albares no X, dizendo que Madri estava respondendo a um pedido.
A defesa jurídica de González também confirmou à CNN a saída do político da Venezuela.
A saída da Venezuela do ex-candidato da Plataforma de Unidade Democrática (PUD) ocorre cinco dias depois da Justiça do país ter ordenado a sua prisão sob acusações relacionadas com a publicação dos resultados eleitorais paralelos em um website, acusação rejeitada repetidamente pelo ex-candidato.
Momentos antes de a defesa de González confirmar que ele deixou a Venezuela, a vice-presidente Delcy Rodríguez publicou uma mensagem no Instagram na qual dizia que o Governo lhe concedeu o asilo político para deixar o território “em prol da tranquilidade e da paz política no país”
Segundo Rodríguez, González deixou a embaixada da Espanha, onde ele estava hospedado há vários dias.
Crise diplomática
Mais cedo neste sábado, o governo da Venezuela revogou a autorização do Brasil para representar os interesses argentinos no país, incluindo a administração da embaixada onde seis figuras da oposição estão abrigadas.
A Venezuela rompeu relações com a Argentina após a eleição presidencial. O Brasil, assim como a Colômbia e o México, pediu ao governo venezuelano que publique os resultados completos da votação.
O governo não o fez e a autoridade eleitoral do país disse que Maduro foi reeleito para um terceiro mandato.
Em um comunicado, a Venezuela disse que a decisão, com efeito imediato, se deve à evidência de que a embaixada estava sendo usada para planejar tentativas de assassinato contra Maduro e Rodríguez.
O Brasil disse ter recebido a comunicação de que sua autorização havia sido revogada “com surpresa”.
A Argentina disse que rejeitou a decisão “unilateral”. Ambos os países pediram que Maduro respeitasse a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas.
“Qualquer tentativa de invadir ou sequestrar requerentes de asilo que permaneçam em nossa residência oficial será duramente condenada pela comunidade internacional”, disse a Argentina em uma declaração. “Ações como essas reforçam a convicção de que na Venezuela de Maduro, os direitos humanos fundamentais não são respeitados.”
Uma fonte diplomática brasileira disse na tarde de sábado que a Venezuela garantiu ao Brasil que não invadiria a embaixada.
Em sua declaração, o Brasil insistiu que permaneceria sob custódia e defesa dos interesses argentinos até que a Argentina indicasse outro estado aceitável para a Venezuela para fazê-lo.
“O governo brasileiro destaca neste contexto, nos termos das Convenções de Viena, a inviolabilidade das instalações da missão diplomática argentina”, afirmou, acrescentando que abrigava seis requerentes de asilo venezuelanos, bens e arquivos.
Em março, seis pessoas buscaram asilo na embaixada argentina em Caracas depois que um promotor ordenou sua prisão sob acusações que incluíam conspiração. A líder da oposição María Corina Machado negou as alegações contra seus colaboradores.
Na sexta-feira à noite, alguns membros da oposição na residência argentina relataram em suas contas X que o prédio estava sob vigilância e não tinha eletricidade. Eles postaram vídeos mostrando homens vestidos de preto e patrulhas da agência de inteligência do governo, SEBIN.
O Ministério das Relações Exteriores da Argentina solicitou na sexta-feira ao Tribunal Penal Internacional que emitisse um mandado de prisão contra Maduro e outros altos funcionários do governo pelos eventos ocorridos após as eleições.
(Com informações de Gustavo Zanfer, da CNN Brasil, e Osmary Hernández, da CNN em Espanhol; e da Reuters, por Lisandra Paraguassu, em Brasília, e Vivian Sequera, em Caracas; informações adicionais de Jorge Otaola, em Buenos Aires)