O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) vestiu uma peruca durante discurso na tribuna da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (8). Ele falou que se sentia uma mulher transsexual e, por isso, teria “lugar de fala” no Dia Internacional das Mulheres.
“Hoje, o Dia internacional das mulheres, a esquerda disse que eu não poderia falar, pois eu não estava no meu local de fala. Então, eu solucionei esse problema aqui. Hoje eu me sinto mulher. Deputada Nikole”, disse enquanto colocava uma peruca amarela.
Ele prosseguiu falando que as mulheres estariam “perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres”. E que “eles estão querendo colocar uma imposição de uma realidade que não é a realidade”.
O parlamentar disse ainda que corria o risco de ir para a cadeia por transfobia por ter parabenizado apenas as “mulheres [cromossomo] XX”. “É uma imposição. Ou você concorda com o que eles estão dizendo, ou caso contrário você é um transfóbico, homofóbico e preconceituoso”, falou.
Depois ele tirou a peruca e disse que as mulheres não deviam nada ao feminismo. “Retomem sua feminilidade, tenham filhos, amem a maternidade e formem sua família. Dessa forma vocês colocarão luz no mundo e serão valorosas.”
A reação nas redes sociais e no Congresso foi imediata. A oposição acusa o deputado de transfobia. A deputada Tábata Amaral (PSB-SP) anunciou na tarde desta quarta (8) que está “entrando com com pedido de cassação do mandato do deputado Nikolas Ferreira”.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), publicou em suas redes sociais uma “reprimenda pública” contra a atitude do deputado e disse que o plenário “não é palco para exibicionismo”.
A presidente do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) pediu que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) estabeleça punição aos atos de desrespeito. “Passou da hora de agir, o deboche e o ultraje ocupam o plenário”, diz o tweet.
A deputada Daiana Santos (PCdoB-RS) defende que o caso seja levado ao Conselho de Ética da Câmara. “Repugnante, nojento. O discurso do deputado Nikolas Ferreira reforça a violência contra as mulheres trans no Brasil. Ao falar isso na tribuna, ele está ignorando uma parcela da população que vive em um país que, há 13 anos, lidera o ranking da lista de países que mais mata pessoas trans e travestis no mundo. Vamos levar este caso para o conselho de ética da Casa”, disse.
A deputada Camila Jara (PT-MS) também se pronunciou: “É lastimável que hoje no dia 8 de março nós mulheres ainda tenhamos que erguer as nossas vozes para dizer que nós podemos falar por nós mesmos. Nesse sentido, as mulheres da casa levantam a voz para dizer que não aceitarão o machismo, que não aceitarão transfobia nessa casa.” Ela disse que, junto ao seu partido, apoia a representação da deputada Tabata Amaral.
A CNN procurou o deputado Nikolas Ferreira para comentar os pedidos de punição e aguarda retorno.