O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), morreu hoje na capital mineira, aos 77 anos. A informação foi confirmada pela prefeitura.
O que aconteceu
O prefeito estava internado desde 3 de janeiro, dias após tomar posse para seu segundo mandato. Foi uma de várias internações desde que descobriu um câncer no sistema linfático, um linfoma não Hodgkin, em julho de 2024, quando ainda era pré-candidato. Fuad passou por cirurgia e continuou em tratamento, mas sua saúde foi se debilitando, o que ocasionou novas internações.
Fuad sofreu uma parada cardiorrespiratória às 22h de ontem. Ele foi reanimado, mas respirava com aparelhos. Segundo a equipe médica, estava com insuficiência renal aguda e entrou em choque cardiogênico —quando o coração não consegue bombear sangue para os outros órgãos.
Nascido em Belo Horizonte, o prefeito deixa esposa, dois filhos e quatro netos.
Fuad reuniu uma frente de esquerda para vencer Bruno Engler (PL) no segundo turno em 2024. Foi apoiado pelo presidente Lula e por dois rivais do primeiro turno, Rogério Correia (PT) e Duda Salabert (PDT). Acabou reeleito com 53,73% dos votos, contra 46,27% do adversário, e citou a “virada história” em seu discurso de vitória —Engler ficou na frente no primeiro turno.
Fuad assumiu a prefeitura em 2022, após a renúncia de Alexandre Kalil (Republicanos). O então prefeito se candidatou ao governo de Minas Gerais naquele ano.
Foi secretário do governo de MG por oito anos. Formado em Ciências Econômicas pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília, começou a trabalhar no serviço público como funcionário do Banco Central. Foi secretário da Fazenda de MG entre 2003 e 2006 e secretário de Transportes e Obras Públicas entre 2007 e 2010.
Fuad passou por quatro internações entre final novembro e início de janeiro. A primeira entrada no hospital Mater Dei, em 28 de novembro, ocorreu por dores nas pernas em consequência do tratamento contra o câncer. Dias depois, em 10 de dezembro, ele foi internado com quadro de pneumonia e sinusite. No dia 19, voltou com diarreia e desidratação — recebeu alta em 23 de dezembro.
Internado, Fuad não compareceu a diplomação e, por recomendação médica, participou da posse virtualmente. Ao lado da primeira-dama, Mônica Drumond, o prefeito fez o juramento com dificuldades para falar. Seu discurso foi lido pelo vice Álvaro Damião (União).
Dois dias depois, em 3 de janeiro, o prefeito voltou ao hospital com um quadro de insuficiência respiratória aguda. Fuad foi internado na UTI com assistência ventilatória.
Após o primeiro turno, o então candidato disse que havia concluído o tratamento contra o câncer. “Fiz a última sessão de quimioterapia e ontem fui liberado pelo médico de todo o processo de tratamento”, afirmou Fuad durante sabatina do UOL com a Folha. Na ocasião, ele disse que a “doença não me abateu”.
Muita gente tem me perguntado o porquê de estar aqui, um homem de 77 anos disputar uma pesada eleição em vez de curtir os netos, ficar com a família no sítio ou viajar. Nos últimos meses, tive que ser hospitalizado, o que aumentou a curiosidade de amigos. A resposta é muito simples, estou aqui por muito amor a essa cidade e a sua gente.Trecho de discurso do Fuad na posse lido por vice-prefeito
Quem foi Fuad Noman
Economista por formação, Fuad foi reeleito com 53,73% dos votos válidos no segundo turno contra Bruno Engler (PL). No discurso da vitória, ele citou a “virada história” —seu adversário direto ficou na frente no primeiro turno. O candidato do PL conseguiu 34,38% dos votos contra 26,54% do prefeito.
Escritor do livro “Cobiça”, Fuad foi criticado pela obra durante as eleições. Seu rival afirmou em propagandas eleitorais que o texto era erótico. O livro conta a história de uma mulher que investiga o passado de sua família —o trecho criticado por Engler é o de quando a personagem conta sobre um estupro que ela teria sofrido aos 12 anos.
Antes disso, Fuad foi secretário do governo de MG por oito anos. Também trabalhou como secretário-executivo da Casa Civil no governo de Fernando Henrique Cardoso. Também foi consultor do FMI e presidente da Gasmig (Companhia de Gás de Minas Gerais) em 2011.