Ministros do STF procuraram auxiliares e interlocutores de Lula na área jurídica, nas últimas horas, para reclamar de uma declaração dada pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, relacionada à anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro.
Em entrevista na noite da quinta-feira (10/4), Gleisi disse considerar “plenamente defensável” a discussão sobre redução de penas a civis condenados pelo 8 de Janeiro. A petista afirmou que esse pode ser um debate feito pelo Congresso Nacional.
A fala caiu mal no Supremo. Segundo apurou a coluna, ao menos três ministros da Corte procuraram auxiliares de Lula para reclamar. Eles classificaram a fala como um “absurdo” e sinalizaram que a declaração poderia azedar a relação entre os dois Poderes.
Um dos ministros do STF viu a fala de Gleisi como um “suicídio” e avaliou que a posição da ministra poderá jogar no colo do governo uma eventual derrota política, caso a anistia não avance. Alguns magistrados prometeram procurar diretamente Lula para reclamar.
Auxiliares do presidente, por sua vez, ponderaram aos ministros do STF que Gleisi teria sido “mal interpretada”. Também afirmaram aos integrantes da Corte que Lula dificilmente concordaria com a revisão de penas, como a ministra da articulação política sugeriu.
Na avaliação de colegas de Gleisi no governo, a ministra pode ter feito a fala por estar supostamente “pressionada” pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), a apoiar alguma ideia para aliviar a pressão de bolsonaristas sobre a anistia.
Na noite da quinta, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, anunciou já ter conseguido as 257 assinaturas mínimas para pautar o requerimento de urgência do projeto da anistia. Se aprovada a urgência, a proposta pode ser votada diretamente no plenário.