O presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu na manhã desta terça-feira (1°) com o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio de Oliveira, e o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior. O assunto seria segurança pública.
Enquanto o presidente se reúne com os militares, a Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) informou que ainda não existe nenhuma previsão de ele falar à população. Às 10h, completaram-se 40 horas desde que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi proclamada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
A falta de posicionamento do presidente ocorre em meio a protestos de caminhoneiros que fecharam estradas em 25 estados e no Distrito Federal. A Justiça determinou desbloqueio das rodovias.
A presença do comandante da Aeronáutica, que chegou às 8h40 e saiu às 10h10, chama a atenção porque, em junho deste ano, Baptista Junior curtiu posts nas redes sociais que defendiam a reeleição de Bolsonaro e de aliados. O regulamento disciplinar das Forças Armadas considera a manifestação sobre assuntos de natureza político-partidária por militares da ativa uma transgressão.
Ao não se dirigir aos brasileiros no domingo à noite, Bolsonaro se tornou o primeiro candidato derrotado em uma eleição presidencial que deixou o dia virar sem se dirigir aos brasileiros.
Havia a expectativa de que ele falasse ontem, e muitas reuniões com ministros foram realizadas para discutir o tom do pronunciamento, mas o silêncio permanece.
A terça-feira começou sem uma previsão de manifestação e com o mesmo roteiro do dia anterior: Bolsonaro recebendo aliados próximos no Palácio da Alvorada.
Filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) entrou na residência oficial às 7h31. Outro aliado que está com o presidente é o deputado federal Helio Lopes (PL-RJ).
Um veículo do comando da Aeronáutica chegou às 8h44. Candidato a vice na chapa de Bolsonaro, o general Braga Neto (PL) chegou às 9 horas. Eles chegaram ao Alvorada da participar de uma reunião.
Caminhoneiros fecham as estradas. O silêncio do presidente acontece enquanto caminhoneiros bolsonaristas bloqueiam estradas em 25 estados e no Distrito Federal. Somente o Amapá não registra ocorrências desta natureza. De acordo com balanço da PRF (Polícia Rodoviária Federal) divulgado às 20h33 de ontem, o tráfego foi interrompido em 271 trechos de rodovias.
O aeroporto de Guarulhos, o maior do país, teve voos interrompidos porque os acessos estavam obstruídos. De acordo com a assessoria do GRU Airport, houve o cancelamento de 25 voos.
Dois dias de silêncio. Além de significar um dia e meio sem reconhecer o resultado da eleição e da derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), manhã de terça-feira também marca um longo período sem Bolsonaro dar declarações. A última vez que ele falou foi depois de votar o que ocorreu às 8h02 de domingo.
Na ocasião, ele fez um comentário ao deixar a seção eleitoral localizada em uma escola da Vila Militar do Rio de Janeiro. O presidente fez o discurso otimista de todo candidato e partiu para o aeroporto se encontrar com o time do Flamengo, que voltava do Equador depois de conquistar a Taça Libertadores.
Justiça ordena liberação das estradas. Os protestos de caminhoneiros bolsonaristas levaram a uma reação da Justiça.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que a PRF e as polícias militares de cada estado façam desbloqueio das rodovias. Uma sessão virtual extraordinária foi aberta, e a maioria dos ministros já se manifestou confirmando a ordem.
Moraes ressaltou que a decisão é de caráter imediato. O não cumprimento resultará em multa de R$ 100 mil por hora ao diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, a partir de 1º de novembro.