Vizinhos que preferem não se identificar denunciam que o pitbull que atacou e matou uma idosa em Nilópolis, na Baixada Fluminense, sofria maus-tratos. O corpo de Joselina Serqueira, de 81 anos, foi enterrado neste sábado (16).
“Os donos não davam amor, não davam carinho, porque só deixavam o cachorro em cima de um terraço, com pedaço de corrente amarrada. Eles não davam comida pro cachorro. Não só eu, várias testemunhas aqui sabiam que ele não alimentava o cachorro direito”.
“Ele não morava lá, deixava em cima do terraço da casa do pai, que é um senhor”.
O RJ2 teve acesso as últimas imagens da idosa. Era pouco depois das 7h, quando ela caminhava pela Estrada Eliseu de Alvarenga, onde morava. A idosa estava indo para a igreja, como fazia todas as sextas, segundo a família.
Frágil, ela quase cai enquanto caminha devagar. No canto superior do vídeo, quase não dá pra ver, mas depois de cruzar com uma moto, um cachorro chega perto da idosa.
Segundo os vizinhos, o cachorro branco era um pitbull, que atacou a idosa. Logo depois, os outros cachorros da rua correm em direção a ela. Uma outra idosa fica olhando da esquina, sem reação.
Dona Lina está atrás de um caminhão estacionado quando outros dois cachorros, um branco e um preto, vão para cima dela.
Joselina morreu antes mesmo de o socorro chegar. A família diz que ela foi mordida no pescoço e, com a queda, teve traumatismo craniano.
“Pitbull na rua, o perigo é esse. Perdemos a nossa vizinha aqui”, diz um homem.
Enterro em Nilópolis
O corpo da idosa foi enterrado nesta manhã no Cemitério de Nilópolis, no bairro Olinda. A morte repentina e trágica comoveu parentes e amigos. Ela deixou quatro filhos, nove netos e três bisnetos.
“Uma pessoa imprudente deixou um cachorro, um cachorro daquele porte, sem focinheira e ainda por cima com o portão aberto. O perigo é esse. Quero justiça sim”, disse a filha, Lourdes Maria de Figueira.
A morte foi registrada como homicídio culposo, quando não há intenção. O delegado que investiga o caso acredita que houve negligência.
“Eu acho que alguém deixou o portão aberto. E aí vamos ver. Para mim, o importante é que, se ele não deixou, alguém deixou. Mas ele é o dono do cachorro. Então, a responsabilidade primária é dele”, disse o delegado José Moraes.
O dono do pitbull é o motorista Alexandro da Silva Cardoso. Ele prestou depoimento na delegacia e foi liberado.
“Eu só quero pedir perdão aos familiares, porque eu não tive culpa, o cachorro ficava no terceiro andar, trancado. Eu me boto na situação do filho, dos parentes. Eu não tive culpa. Há três anos que eu tenho o cachorro, ele nunca se soltou, nunca desceu do terceiro andar, são três portões pra chegar na rua”.
O RJ2 perguntou à Polícia Civil sobre as denúncias de maus-tratos ao pitbull, mas não teve resposta.
O tutor do cachorro disse que vai procurar uma instituição que possa cuidar do animal.