O site Folha do Sul Online teve acesso ao Boletim de Ocorrência, obteve o nome completo das vítimas e apurou informações adicionais que podem ajudar a explicar a chacina que deixou duas garotas e um rapaz mortos ontem na zona rural de Vilhena (ENTENDA O CASO).
De acordo com o relato policial, ao comparecer ao local do crime, a guarnição da PM de plantão encontrou, já sem vida, a jovem Dayene Pereira da Silva, de 17 anos (faria 18 em junho). A garota tinha várias marcas de bala calibre Ponto 40 pelo corpo e estava caída próxima da motocicleta Honda modelo CG 125 FAN sem placa de identificação, que era pilotada pelo sobrevivente da chacina.
Mais adiante, os militares encontraram, agonizando e em estado gravíssimo por causa das perfurações de bala, outra jovem, identificada como Kamyla Silva Oliveira Cruz, de 19 anos (faria 20 na próxima sexta-feira, 30). Ela foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e levada para a UPA, mas morreu após dar entrada na unidade de saúde. Detalhe: a reportagem anterior sobre o caso informava equivocadamente que a moça atendida era outra.
Um pouco mais adiante, na mesma estrada vicinal, foi encontrado o corpo do namorado de Kamyla: o entregador Matheus Vinícius Machado dos Santos, de 22 anos, também apresentava marcas de bala pelo corpo, com sinais de que havia sido executado a queima-roupa, após tentar fugir, cair com a moto e ser alcançado pelos assassinos. Os dois, que ilustram esta reportagem, aparecem juntos nas redes sociais ao lado de uma criança, mas o site não conseguiu confirmar se ela é fruto da união do casal.
Enquanto os policiais cuidavam de isolar a cena do crime e um perito da POLITEC lidava com os corpos, saiu de dentro de um matagal próximo, gritando por socorro, o único sobrevivente do ataque, um jovem de idade não divulgada, identificado como Rogério Soares da Silva Junior.
Como havia levado um tiro apenas na mão e estava completamente lúcido, apesar de assustado Rogério contou o que aconteceu: disse que, ao saírem do balneário “Novo Paraíso” em suas motocicletas, ele e as outras três vítimas foram atacados por de quatro rapazes que estavam escondidos na vegetação ali existente. Os quatro estavam armados e fizeram os disparos sem conversar com ninguém.
COMO TUDO TERIA COMEÇADO
No dia anterior à chacina, uma ocorrência policial de tentativa de homicídio no bairro Embratel, em Vilhena, envolveu o sobrevivente do massacre, conhecido como “Rogerinho”, que era casado com Dayene.
De acordo com informações obtidas, Dayene vivia com integrantes do PCC, mas teria mudado de lado e passado a integrar a facção rival, o Comando Vermelho. Ela era conhecida no mundo do crime como “Menorzinha”.
No dia 14 deste mês, um rapaz de apelido “Roxinho” deixou a Colônia Penal de Vilhena jurado de morte pelos integrantes do Comando Vermelho. Ele estava em casa, na rua Minas Gerais, no Embratel, quando Rogerinho entrou de arma em punho.
Após a arma aparentemente falhar, pessoas que estavam na residência começaram a gritar e Roxinho pulou o muro, escapando da morte e se abrigando na casa de um vizinho.
Após a tentativa frustrada de execução, Rogerinho subiu na motocicleta do comparsa que o aguardava e, antes de fugir, fez um disparo em direção à casa da qual havia acabado de sair. A marca do tiro ficou no muro. Testemunhas o identificaram e também reconheceram o piloto da moto, cujo nome é “Severo”.
Já o próprio Roxinho, ao ser interrogado naquela ocasião disse que não tinha “treta” com ninguém e que não era “faccionado”. O jovem ex-apenado também negou ter reconhecido Rogerinho, que só não o matou por causa da suposta falha da arma. As testemunhas, no entanto, o desmentiram. “A gente sabe que é briga de facção. A negativa certamente é porque eles estavam se jurando de morte mutuamente”, explicou ao site uma fonte policial.
Naquela mesma noite, Rogerinho e Dayene foram abordados pela polícia, mas como nenhum deles estava armado e a própria vítima havia negado reconhecê-los, ambos foram liberados.
A eventual prisão de Roxinho, que teria motivos para estar envolvido na tripla execução, poderá ajudar a polícia a desvendar o crime.