Preso após deixar que seus cães matassem um gato, na tarde dessa quarta-feira (12), em Juína (735 km a noroeste de Cuiabá), o professor Francisco José Andriotti Prada, 52, prestou depoimento logo após a detenção. Ele disse que o felino já estava morto na hora do ataque e ainda alegou problemas neurológicos, por isso não soube o que fazer.
O vídeo em que o acusado aparece com seus 4 cães presos à coleira enquanto os observa atacar um gato até a morte circulou pelas redes sociais em todo o país e checou quem assistiu à cena. Logo após a filmagem viralizar, a delegacia de Juína passou a apurar o caso de maus-tratos a animais e encontrou o professor.
Em depoimento ao delegado Ronaldo Binoti Filho, o tutor dos animais afirmou que o gato já estava morto quando os animais o atacaram. Alegou que o bicho já caiu no chão sem vida ao levar um choque no momento em que tentava pular para o quintal de uma residência.
Além disso, ele alegou problemas neurológicos e disse que não soube o que fazer diante da situação.
Preso, ele foi encaminhado para custódia e indiciado pelos crimes de maus-tratos a animais, qualificado por ser contra animais domésticos e majorado por gerar a morte do animal.
Ainda na quarta (12), o delegado afirmou que o tutor ter evitado o ataque, pois os cães estavam presos na guia e são animais treinados.
“Ele podia ter puxado as guias dos animais. Se ele tivesse feito isso, o gato não teria morrido. Foi uma atitude bastante covarde. Eu, particularmente, já encontrei esse indivíduo ali várias vezes com esses animais. São cachorros bem treinados, educados e obedecem aos comandos do dono. Se ele desse um comando ali para que os cachorros cessassem aquele ataque, os cachorros teriam certamente obedecido, mas não foi o que ele fez”, relatou o policial.
Veja o vídeo do momento do ataque:
Por ANA JÚLIA PEREIRA
A Diferença na Aplicação da Lei: Vida Humana x Vida Animal
A justiça deve proteger tanto os seres humanos quanto os animais, mas a forma como a lei é aplicada gera questionamentos. Recentemente, um caso chamou atenção: cães atacaram e mataram um gato, e o dono dos cães, que não tomou nenhuma atitude para impedir, foi responsabilizado e preso, aguardando audiência de custódia. A rapidez da punição impressiona, mas levanta um ponto crítico: por que, em muitos casos, quando uma vida humana é tirada, a resposta da justiça não é tão imediata?
É evidente que os crimes contra animais vêm recebendo maior atenção, o que é um avanço para a proteção dos direitos dos animais. A legislação brasileira prevê punições para maus-tratos e negligência, e muitos casos de violência contra animais resultam em prisão, como ocorreu nesse episódio. No entanto, a sociedade se depara frequentemente com crimes contra pessoas que demoram a ser solucionados, com criminosos soltos aguardando julgamento ou respondendo em liberdade, mesmo em situações de homicídio.
Isso não significa que a vida animal não deva ser protegida – pelo contrário, a punição para maus-tratos é essencial. Porém, a discrepância na eficiência da justiça diante de crimes contra humanos e animais revela uma falha no sistema. A impunidade em casos de assassinato é uma das principais queixas da população, que vê a lentidão e a burocracia como obstáculos para a verdadeira justiça.
A sociedade precisa de um equilíbrio. A proteção dos animais é uma conquista, mas a defesa da vida humana deve ser a prioridade máxima. O sistema judicial deve agir com a mesma celeridade e rigor quando a vítima é um ser humano, garantindo que criminosos sejam punidos com eficiência, sem brechas que favoreçam a impunidade. Afinal, se a justiça pode ser rápida para uns, por que não pode ser para todos?