A obstinação de uma professora, que viu seu filho sendo assassinado a tiros na porta de sua casa, em Vilhena, levou o autor do crime ao banco dos réus: Rennilson Pereira da Silva enfrentará um júri popular marcado para o dia 14 de abril na cidade.
No dia 22 de dezembro de 2023, o jovem Lorenzo Toledo de Arruda, que tinha 22 anos na época, foi assassinado com quatro tiros a queima-roupa. Na ocasião, os pais do rapaz assassinato emitiram a nota e corrigiram informações equivocadas que haviam sido publicadas sobre o crime.
Na entrevista ao Folha do Sul Online, concedida neste sábado, 15, Alecçandra Toledo, mãe de Lorenzo, revelou os detalhes que a fizeram chegar até o assassino. Ele, o réu que será julgado daqui a dois meses, liderou uma dissidência do PCC que resultou na formação de outra facção criminosa na cidade: a TDR.
A educadora conta que, certo dia, uma mulher acompanhada do filho foi até sua casa e fez revelações chocantes. O garoto de 18 anos disse que não conseguia mais dormir por ter sido usado por Vudu na emboscada contra Lorenzo: foi ele quem ligou para a vítima e pediu que esperasse do lado de fora da casa da mãe, onde foi baleado e morto.
Após executar Lorenzo, que havia saído para receber ou entregar alguma coisa, o assassino retornou à casa do rapaz que havia feito a chamada por celular e contou o que tinha acontecido: “matei o cara”. O garoto, que depois viria a delatar Vudu, não teria ciência de que era esse o objetivo da ligação que tinha feito.
Alecçandra, que havia visto Vudu na cena do assassinato, logo após ele cometer o crime, passou a informação para a Delegacia de Homicídios de Vilhena. O rapaz que delatou o faccionado teve que sair da cidade para não ser eliminado pela TDR, mas acabou morrendo no ano passado, após sofrer um ataque cardíaco no bairro Alvorada.
Ao ser preso, Rennilson Pereira, o Vudu, que já integrava a TDR, pediu para não ficar na mesma cela com membros do PCC, pois temia ser assassinado. Ele continua na cadeia aguardando o julgamento pelo homicídio e por outros crimes.
O QUE LEVOU À TRAGÉDIA
Com problemas neurológicos, Lorenzo teve sua moto tomada pelos pais, pois insistia em pilotar sem habilitação. Tentando comprar outro veículo, ele apanhou uma quantidade de drogas e passou para outra pessoa revender.
Após o homem que havia recebido entorpecente ser preso, e a droga perdida, Lorenzo ficou com a dívida de mais de R$ 4 mil. E foi aí que o matador da TDR resolveu eliminá-lo, como uma espécie de “lição” para quem tinha débitos com o grupo.
Outro detalhe contribuiu para a morte: o bairro onde Lorenzo morava estava, naquele tempo, sendo disputado pelas duas facções e uma delas, com o sangue do garoto, quis mostrar seu “poder”.
A mãe do jovem, que foi uma das primeiras vítimas da “guerra de facções” que já espalhou cadáveres por vários bairros de Vilhena, passou para a polícia todas as informações que conseguiu, tanto conversando com amigos de Lorenzo, quanto acessando o celular dele, após descobrir a senha do aparelho.
E agora, Alecçandra espera que seu esforço resulte em justiça, com a condenação do assassino.