Duas pessoas foram beneficiadas com as córneas da advogada Thays Machado, morta pelo empresário Carlos Alberto Gomes Bezerra, filho do deputado federal Carlos Bezerra. Segundo o irmão dela, Thyago Machado, era um desejo da advogada que seus órgãos fossem doados após sua morte.
“De tão boa que ela era, ela decidiu doar os órgãos e ser cremada. E aí eu fui pra realizar esse desejo dela de doar os órgãos, mas devido à brutalidade do crime que aconteceu, foi tudo dilacerado por causa da quantidade de projéteis”, contou.
Por causa dos tiros, apenas as córneas de Thays puderam ser doadas. Para Thyago, o fato de ela ter atuado no Judiciário e ter visto pessoas brigando para prolongar a própria vida, pode ter justificado o pedido a ecisão sobre a doação de órgãos.
“O que eu consegui fazer foi doar as córneas dela, né? Foi o único órgão que se salvou. Já foi feita já a cirurgia e duas pessoas já estão bem, aproveitando outra vida e é justamente essa transformação que ela buscava”, disse.
Ele conta que a família ainda está sentindo o baque da tragédia e que não está sendo fácil passar por todo esse processo, desde a morte de Thays na última quarta-feira (18), no bairro Consil.
“Estamos extremamente abalados? Uma grande parte da família é de fora. Todo mundo veio correndo; foi um choque, um choque absurdo e a gente não tá conseguindo lidar com a situação”, completou.
Amigos lamentaram a perda
Pessoas ouvidas pelo RepórterMT no velório realizado na manhã desta sexta-feira (20), fizeram questão de frisar que Thays era uma pessoa feliz com a vida e apaixonada pela filha, de apenas 12 anos. Mesmo os mais próximos não imaginavam que ela vinha sendo perseguida pelo ex-convivente, apesar de terem conhecimento do relacionamento conturbado deles.
Ana, colega de trabalho, ressaltou a alegria. “Era uma pessoa que fazia amizades facilmente”. Ela conta que logo que se conheceram se deram bem, conheciam lugares e pessoas em comum. Foi uma afinidade quase instantânea.
Denise Niederauer, amiga da família há mais de vinte anos, a definiu como “um ser de luz”, alguém especial e que amava estudar. Ela contou como os alunos dos cursos em que Thays dava aulas a adoravam e que eles, assim como os colegas professores fizeram questão de prestar homenagens com coroas de flores.
“Era muito alegre, muito disposta a ajudar, era uma amiga. Uma mãe carinhosa, falava muito da filha dela, o tempo todo”, resumiu a chefe de Thays nos últimos quatro meses, Maev Campos.
Segundo Maev, ela estava muito feliz nos últimos dias e isso transparecia no seu comportamento. “Quando a informação (da morte) chegou, nós estávamos trabalhando, então para nós foi muito doído, pela forma como foi. Muito brutal, ninguém esperava por isso”, acrescentou.
O corpo da advogada foi cremado no começo da tarde desta sexta-feira, em cerimônia restrita.