O jovem que invadiu uma creche em Saudades, no Oeste catarinense, estava com duas armas brancas durante o ataque contra crianças e funcionárias. Segundo o delegado Jerônimo Marçal Ferreira, as duas facas eram sofisticadas e tinham sido compradas recentemente.
Três crianças e duas mulheres, sendo uma professora e a outra agente educacional, morreram. Cada uma das vítimas levou ao menos cinco golpes de facão, informou o Instituto Geral de Perícias (IGP) em coletiva de imprensa. Uma quarta criança ficou ferida, passou por cirurgia e está em internada. O assassino deu golpes contra o próprio corpo e foi levado em estado gravíssimo ao hospital.
“É um facão sofisticado, quase parece uma espada, e bem pontudo. Ele estava com uma faca menor, também sofisticada. Algumas pessoas relataram tiros, mas eram artefatos explosivos, bombinhas pequenas para fazer barulho”, detalhou o delegado.
Na casa de Fabiano Kipper Mai, a polícia encontrou as embalagens dessas armas brancas compradas recentemente, segundo o delegado. No local também foi apreendido o computador do jovem, que deve ser periciado, e foi encontrado R$ 11 mil em dinheiro de salários que o assassino guardava. Ele trabalha em uma empresa de produção de roupas.
A polícia ainda tenta entender a possível motivação do crime. “O objetivo maior é traçar o perfil e ver o que podemos fazer para prevenir outros casos assim”, disse o delegado.
O delegado conversou alguns colegas de trabalho e com a família do jovem. Ele morava com os pais, uma irmã e a avó e não costumava sair.
“Ele era muito introspectivo, não tinha muitos amigos e os que tinha se afastou nas últimas semanas. Dormia na mesma cama que o pai. O pai falou que ele tinha medo de dormir sozinho, judiava dos bichinhos da casa, nada grave. Sofreu bullying na escola”, disse o delegado.
Escolta policial
O autor desferiu golpes também contra si próprio e foi precisou ser hospitalizado. Na unidade, ele recebeu os primeiros atendimentos e foi intubado. Os dois hospitais onde ele foi atendido precisaram de escolta policial para atendê-lo e evitar manifestações.
No hospital Beneficente de Pinhalzinho, no Oeste catarinense, uma escolta da Polícia Militar foi formada no fim da manhã desta terça-feira (4). Segundo o diretor da unidade de saúde, Silvio Mocelin, após a informação de que o homem foi levado ao local para receber tratamento, moradores se aglomeraram e protestaram em frente ao hospital.
Ele chegou na unidade de por volta das 11h e foi transferido para Chapecó, na mesma região, perto das 13h. Segundo Mocelin, o jovem foi levado por uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Móvel do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) com escolta policial.
Até o fim da tarde, ele seguia internado e não tinha sido ouvido pela polícia. No hospital em Chapecó também há escolta policial reforçada, segundo o delegado responsável pelo caso, com equipes da polícia e também do Departamento de Administração Prisional (Deap).
A creche alvo do atentado se chama Aquarela e atende crianças de 6 meses a 2 anos de idade. O município de Saudades tem 9,8 mil habitantes e fica a cerca de 70 quilômetros de Chapecó, a maior cidade do Oeste catarinense, e a 600 quilômetros de Florianópolis.
Por Valéria Martins, G1 SC