A Polícia Civil do Ceará confirmou que o verdadeiro alvo do ataque a tiros que terminou com a morte das irmãs influenciadoras Maria Beatriz dos Santos, de 20 anos, e Bianca dos Santos, de 15, conhecida como “Bia”, era o influenciador Antônio Victor de Araújo Ferreira, o “Moscou”, namorado de Bianca. O crime aconteceu na noite da última quinta-feira (1º), no espigão da Vila do Mar, no bairro Barra do Ceará, em Fortaleza.
De acordo com as investigações, o ataque foi orquestrado por integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV), com o objetivo de atingir Antônio Victor, apontado como membro do grupo rival Guardiões do Estado (GDE). Como o jovem não se encontrava no local no momento do crime, os criminosos atiraram contra as irmãs, que estavam em companhia de amigos.
Maria Beatriz morreu no local. Bianca chegou a ser socorrida e levada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Cristo Redentor, mas não resistiu aos ferimentos. Os autores do ataque fugiram em uma moto aquática e um bote a motor.
Antônio Victor afirmou, em depoimento à polícia, que as irmãs o chamaram para ir ao espigão, mas ele recusou porque “a área estava perigosa” e ele estava cansado após gravações para as redes sociais. O influenciador tem mais de 400 mil seguidores e, assim como as irmãs, produzia conteúdo em mininovelas no aplicativo Kwai, com histórias que retratam o cotidiano de comunidades. Seus vídeos acumulam milhões de visualizações.
Retaliação e nova onda de violência
Horas após o crime, Moscou publicou vídeos em seu Instagram lamentando a morte da namorada e prometendo vingança. Ainda na madrugada da sexta-feira (2), cinco homens foram baleados durante um ataque a um campo de futebol conhecido como Campo do Cruzeiro, também no Bairro Barra do Ceará — área dominada pela facção rival à qual Antônio Victor seria vinculado.
As vítimas, com idades entre 25 e 68 anos, foram socorridas e levadas a um hospital. Três permanecem em estado grave. Segundo a polícia, o ataque seria uma represália pela morte das influenciadoras.
Antônio Victor foi preso horas depois, suspeito de ter ordenado a tentativa de chacina. No relatório policial, consta que o influenciador exerce grande influência dentro da facção GDE e que suas ordens são amplamente acatadas. “Moscou possui enorme respeito na GDE, fazendo publicidade gratuita da facção. Uma ordem de execução vinda dele seria facilmente cumprida para vingar a morte das adolescentes”, diz trecho do documento.
Em depoimento, ele negou participação no ataque ao campo de futebol e afirmou que os vídeos com ameaças tinham o objetivo de “chamar a atenção das autoridades para que houvesse justiça mais rápida”.
Segundo suspeito preso
Na mesma sexta-feira, um segundo suspeito foi preso. Igor Rodrigues da Cruz, de 28 anos, deu entrada no Instituto Dr. José Frota (IJF) com ferimento por arma de fogo nas costas e confessou ter participado do ataque. Alegou, porém, que não chegou a atirar, apenas acompanhou o grupo no veículo. Ele possui antecedentes por roubo de veículo e corrupção de menores.
Igor foi autuado por tentativa de homicídio e organização criminosa. Após audiência de custódia no sábado (3), teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva. Ele permanece internado sob escolta policial.
A Polícia Civil segue investigando o caso, que envolve disputas entre facções criminosas e o uso de redes sociais como instrumento de influência e exposição.