O casamento de Jordan Guimarães Lombardi, 40, morto pela noiva Marcela Ellen Paiva Martins, 31, dentro de um motel na região da Candangolândia (DF), custaria mais de R$ 200 mil. Segundo a empresa contratada pelo casal, a cerimônia seria para 50 pessoas e estava marcada para 14 de janeiro do próximo ano.
De acordo com Queren Eveling de Souza Coelho Couto, cerimonialista da empresa Case Conosco, o casal fecharia os últimos contratos e degustaria os doces que seriam servidos na festa na terça-feira (8), um dia depois que o casal deu entrada no motel. Os dois não compareceram e informaram à noite que um imprevisto tinha acontecido.
A reunião foi remarcada para quarta-feira (9). Mas, durante a madrugada de terça, a noiva fugiu do motel com o carro de Lombardi. Horas depois, o corpo dele foi encontrado por funcionários com hematomas e um ferimento a bala no olho.
“Quem nos procurou foi o Jordan, no dia 31 de outubro. No dia seguinte, ele já fez o pagamento. Inicialmente, ele queria um casamento para 50 pessoas e um orçamento de R$ 50 mil. Não achamos nada estranho, afinal esse valor é super comum. No entanto, após as primeiras conversas, o noivo começou a pedir mais itens para a cerimônia. Ele sempre se mostrava muito empolgado e mais apressado para resolver tudo. Bem diferente dela”, conta a cerimonialista, ao UOL.
Queren afirma que Jordan chegou a dizer que gostaria de “dar um casamento de princesa” para a noiva. O consultor empresarial solicitou que a festa ocorresse em um local luxuoso, onde só o aluguel do espaço, sem decoração, ou qualquer outro item sairia por R$ 30 mil. Além disso, solicitou ilhas de degustação luxuosas, pediu os melhores champanhes e vinhos e uma decoração diferenciada. Apenas as flores e iluminação, foram orçadas em R$ 50 mil.
“Como eu conhecia a dona do espaço, pedi desconto, já que o orçamento não era tão alto. Quando informei para o noivo, ele disse que não era necessário, já que eles gostariam de um casamento luxuoso e que estariam dispostos a pagar o que fosse preciso. O casal também pediu bastante área para fumantes. Além disso, pediram segurança reforçada. A explicação foi que a festa teria convidados importantes e que eles não podiam ser expostos”, explica a cerimonialista.
O casamento sairia mais caro que o previsto, já que o valor de R$ 200 mil não incluía serviços como fotografia, música e outras atividades. Um casamento fora da curva, segundo a cerimonialista.
“Eu estava aguardando o casal para a degustação de doces quando recebi a ligação do fotógrafo contratado pelo casal, pedindo que eu ligasse a televisão. Quando vi a notícia, fiquei em choque. Afinal, eu estava com o contrato do casamento deles em mãos. E você tem um contato ativo, né? Com o cliente, você se identifica, tem uma troca. Quando a gente organiza um evento, é todo um sonho. Concretizar isso está nas nossas mãos. Já estávamos empolgadas com tudo, até que vi as fotos dos dois. Quase desmaiei, porque parecia cena de um filme. Eu não estava acreditando naquilo que eu estava vendo. Uma tristeza”, relata.
Pacote de fotos
O fotógrafo contratado pelo casal conta que o pacote de bastidores da noiva e o ensaio romântico dos dois seria fechado por R$ 8 mil.
“O nosso contato foi pelas redes sociais. Iríamos nos conhecer pessoalmente na terça-feira. Eles pegaram um dos mais pacotes mais caros e jamais pensei que isso fosse acontecer. Em mais de mil casais que já atendi, isso nunca tinha ocorrido”, relata Cleev Cordeiro, do Studio Fotart.
Audiência de custódia
Em entrevista ao UOL, Johnny Cleik Rocha da Silva, advogado de Marcella, confirmou que a modelo passou ontem por uma audiência de custódia. Na decisão, o juiz converteu a prisão provisória em preventiva.
A modelo segue detida no presídio de Luziânia, entorno de Goiás. Enquanto isso, o advogado entrou com um pedido de cela especial para ela, já que Marcella é formada em Direito.
Relembre o caso
O corpo de Jordan Lombardi, 40, foi encontrado por funcionários do Motel Park Way, no Setor de Postos e Motéis Sul, no Distrito Federal, na quarta-feira (9). Ele foi assassinado com um tiro pela noiva, Marcella Ellen, 31, que, fugiu do local no carro da vítima, derrubando o portão do estabelecimento. Horas depois, ela se entregou à polícia e confessou a autoria do crime. Segundo a defesa da mulher, que confirmou a identidade de ambos, ela teria reagido a dois tapas e disparou “sem pensar”.
Segundo a polícia, o noivo, sócio de uma empresa de consultoria empresarial norte-americana com atuação em São Paulo, tinha hematomas no rosto e uma perfuração de bala no olho. Agentes do Corpo de Bombeiros, chamados para atender a ocorrência, registraram que o corpo da vítima tinha algumas manchas esbranquiçadas e já apresentava estado inicial de rigidez cadavérica.
O casal chegou ao motel por volta das 16h30 da segunda-feira (7). Testemunhas disseram à polícia ter visto outro homem chegando ao local, em um carro de aplicativo, e entrado no quarto do casal. Ele teria deixado o estabelecimento cerca de duas horas depois. Segundo a polícia, a vítima teria sido baleada por volta das 4h30 de ontem (9).
Em entrevista ao UOL, o advogado de Marcella, Johnny Cleik Rocha da Silva, disse que ela é natural de Brasília, onde toda a família dela ainda mora, mas que havia ido para São Paulo tentar a vida como modelo. Foi na cidade que ela conheceu o consultor empresarial.
“Depois de dois anos juntos, ficaram noivos. E vieram ao Distrito Federal para fazer os preparativos para o casamento. Ela queria reunir a família dela e fazer o casamento aqui, já que o casal não tinha contato com a família do empresário”, disse o advogado.
Ao chegarem ao motel na segunda-feira, segundo Silva, os dois passaram a usar uma quantidade exagerada de drogas e misturaram doses de cocaína com cigarros de maconha e pílulas de ecstasy.
“Eles estavam muito drogados. Ontem, eles decidiram chamar um garoto de programa para ficar com eles. Segundo ela me contou, o rapaz chegou, ficou um tempo, mas descobriu que havia muita droga e também uma arma ali no quarto. Ele desconversou e foi embora”, afirma Silva.
Na madrugada, o casal teria discutido por ela exigir que o noivo tomasse atitude para defender uma pessoa da família dele, que estaria sofrendo violência. Segundo o advogado, essa pressão teria motivado o consultor a adquirir a arma de fogo. Silva acrescenta ainda que ela teria ameaçado o noivo com a arma e, por isso, ele teria a desafiado e aplicado dois tapas nela.
“Foi nesse momento que ela conta que, sem pensar, apertou o gatilho”. Em seguida, a mulher fugiu do local num Audi Q7 da vítima, chegando a derrubar o portão do motel.
O UOL entrou em contato com a gerência do estabelecimento, mas foi informado que ninguém estaria autorizado a falar sobre o assunto.