Gabriel Pires de Moraes, 21 anos, acusado de incendiar propositalmente um apartamento para tentar simular uma situação de suicídio de Soniamar Martins Muniz, 57 anos, na sexta-feira passada (02), em Jaciara (144 km de Cuiabá), negou que tenha qualquer envolvimento no incêndio. Em depoimento, o homem ainda afirmou que não seria capaz de ‘tamanha crueldade’ e que a mulher “era como uma mãe” para ele.
Gabriel afirmou que ele e Soniamar não namoravam e, apesar de ela não querer um relacionamento afetivo e sério, ele a tinha como “uma pessoa próxima”.
Gabriel relatou que conheceu Soniamar há cerca de um mês, no bar onde trabalhava. Nesta noite, ele foi até a casa dela, onde tiveram relações sexuais.
Ao ser questionado sobre como era o relacionamento entre os dois, Gabriel respondeu que eles mantiveram relações cinco vezes. “Conversávamos principalmente pelo celular. Ela disse que gostava de mim e que me ajudaria com as despesas. Uma semana depois, ela me emprestou seu cartão para eu usar. Eu o utilizava principalmente para comprar cigarros, refrigerantes e coisas pequenas. Ela me deu a senha e autorizou o uso do aplicativo também.”
No momento da prisão, ele foi pego com vários objetos da mulher. Sobre isso, argumentou que foram presentes. “No começo, ela me deu miniaturas do Pica-Pau e da Minnie, além de um celular antigo que usei para retirar peças e dinheiro do cartão dela para comprar cigarros e bebidas. Ontem, ela me deu um notebook, um iPad que não funciona, uma extensão, as fontes, uma caixinha de som e uma mochila para levar as coisas.”
Sobre a noite do crime, Gabriel afirmou que foi até a casa de Soniamar por volta das 19h de quinta. Os dois conversaram e ele foi embora às 20h. Um tempo depois, ela enviou uma mensagem pedindo para que ele retornasse ao prédio.
“Subi e fui na casa dela, daí transamos e ficamos assistindo um filme que ela queria ver na Netflix, ela ficava conversando comigo só falando do ex, meio triste, daí deu um tempo ela pegou e disse assim: ‘Olha, deu sua hora, melhor você ir embora’. Aí eu peguei as coisas e fui embora”, relatou.
Em seguida, Gabriel foi a pé para sua casa, onde tomou banho. Depois, foi até uma conveniência, onde encontrou uma garota e foi para a casa dela. Ele afirmou só ter ficado sabendo do incêndio no outro dia.
Ao ser questionado se tinha envolvimento no incêndio, negou. Também disse que, no dia, Soniamar estava triste por conta do ex-namorado. “Ela estava bem triste, chorou com saudade do ex antes da gente transar, daí transamos, colocamos um filme novo na Netflix de terror lá e depois ela me mandou embora. Não dá pra saber o que se passa na cabeça das pessoas né, ela nunca me disse nada nesse sentido de suicídio e tal”, terminou.
As investigações sobre o caso continuam sendo realizadas pela Polícia Civil.
O incêndio
O incêndio no apartamento de Soniamar foi registrado na madrugada de sexta, em um sobrado residencial no Centro de Jaciara. Seis pessoas foram evacuadas do local e não se feriram. A mulher morreu ainda no local.
As investigações do caso começaram ainda na madrugada. Após prestar socorro aos demais moradores do prédio, a polícia identificou que o incêndio começou no quarto da vítima, impossibilitando fazer o seu resgate em razão das fortes chamas.
Em análise, a Polícia Civil e a Politec perceberam que havia indicativos de que o incêndio seria criminoso, já que não havia objetos inflamáveis e o quarto em que a vítima foi encontrada estava trancado, porém não havia chaves, nem por dentro, nem por fora, indicando que ela havia sido trancada por um terceiro.
Ao verificar as imagens das câmeras de segurança da região, viram Gabriel chegando no prédio por volta das 22h de quinta-feira (1º) e saindo por volta das 1h de sexta, momentos antes do incêndio. Ele foi pego na tarde do mesmo dia e preso em flagrante.