A Justiça deferiu um habeas corpus em favor da empresária Mônica Marchetti, acusada de mandar matar os irmãos Brandão Araújo Filho e José Carlos Machado Araújo, em 1999 e 2000, respectivamente, por causa de uma disputa de terras em Rondonópolis. A decisão é do desembargador Pedro Sakamoto e foi proferida nessa quarta-feira (11).
O G1 tenta localizar a defesa da empresária.
Mônica Marchetti era considerada foragida desde que teve um mandado de prisão decretado pelo juiz Wagner Plaza Machado Junior, da 1ª Vara Criminal do município, em outubro deste ano.
Conforme o desembargador Pedro Sakamoto, não há elementos que configurem a imprescindibilidade da prisão preventiva da empresária, já que sempre respondeu ao processo em liberdade, é primária, possui ocupação lícita e residência fixa.
De acordo com a defesa de Mônica Marchetti, de fato, ela não foi localizada em endereço antigo, onde residia quando ainda se via processada pelo delito de homicídio, pelo qual, até então, havia sido despronunciada em decisão proferida pela Justiça, em 30 de maio de 2018.
A defesa também pontuou que, sem ao menos ter o conhecimento de que “era alvo de uma nova acusação sobre o mesmo fato”, não haveria como saber da obrigação de comunicar posterior mudança de endereço”.
Além disso, segundo a defesa, não bastasse essa circunstância, a conclusão de que a empresária estaria foragida ocorreu antes mesmo que fossem finalizadas as diligências para a sua localização, visto que ainda está pendente de cumprimento uma carta precatória expedida para a Comarca de São Paulo, em seu endereço profissional, daí porque não caberia a citação por edital, muito menos a aplicação dos efeitos da revelia, com a decretação de sua prisão preventiva.
“Com base nesses argumentos, defiro a liminar requerida em favor da paciente Mônica Marchett para suspender os efeitos da revelia, determinando a revogação da prisão preventiva e da produção antecipada de provas, até o julgamento definitivo do habeas corpus”. Determinou o desembargador.
Os crimes
O primeiro crime aconteceu no dia 10 de agosto de 1999, onde Brandão foi surpreendido pelo pistoleiro Hércules Araújo Agostinho, conhecido como Cabo Hércules, e executado a tiros de pistola em pleno centro de Rondonópolis.
O segundo crime foi em 28 de dezembro de 2000, onde José Carlos foi executado, também a tiros de pistola 9 mm, no estacionamento de uma agência bancária, no centro de Rondonópolis. Em ambos os casos Célio Alves ajudou o pistoleiro Hércules Agostinho.
De acordo com as provas produzidas nos autos, os assassinatos dos Irmãos Araújo foram motivados pela disputa judicial de uma fazenda de 2.175 hectares, localizada na região conhecida como Mineirinho, que fica a 70 km quilômetros de Rondonópolis, em direção a Campo Grande (MS), objeto de negócio mal sucedido entre José Carlos e Sérgio Marchett, realizado em 1988, cuja demanda até hoje se arrasta na Justiça.
Por Flávia Borges, G1 MT