24 de janeiro, foi encontrado o cadáver de um homem, pardo, magro, cerca de 1,80 m de altura, que teve seu rosto desfigurado por causa de agressão brutal por golpes de pedra.
O corpo foi encontrado na Rua Padre Adolfo Rohl, Casa Preta, imediações do Posto do Patrão.
A partir daí a Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Vida de Ji-Paraná – DERCCV-JIP – iniciou intensa investigação, conseguindo esclarecer o cruel homicídio.
Em razão da desfiguração do rosto, a identificação foi difícil, mas finalmente aconteceu. Trata-se de Jeferson Santana Soriano. Ele é proveniente de Cacoal e estava sem manter contato com a família há alguns dias. Sua irmã viu algumas fotos pela internet e identificou características do irmão. Então, juntamente com seu pai e uma prima, estiveram na DERCCV-JIP e o reconheceram por fotos oficiais.
O confronto papiloscópico com as digitais já coletadas resultou positivo. Jeferson havia vindo para Ji-Paraná exatamente para preservar sua vida, haja vista que seu vício em drogas, dívidas com traficantes e coisas tais o colocaram em risco por lá.
Segundo apurou a investigação, na noite do dia anterior ao encontro do cadáver, o segurança de uma boate situada na Avenida Marechal Rondon, centro de Ji-Paraná, pediu a um adolescente, guardador de carros dali, que fosse até o feirão comprar para ele um pastel. Na volta, dois homens , cada qual com sua bicicleta, abordaram o adolescente, deram-lhe alguns tapas e roubaram o pastel. Um deles ameaçou o adolescente com uma faca. Roubaram também todas as moedas que ele levava no bolso, fruto do trabalho de ‘guardar’ os veículos que estacionam na rua.
O garoto, que também estava de bicicleta, voltou rapidamente até a boate, quando apontou ao segurança os ladrões. O segurança, por sua vez, foi com sua motocicleta atrás deles. O garoto seguiu na garupa. Nas proximidades da esquina da Rua Seis de Maio com a rua do cemitério dos pioneiros, o segurança conseguiu abordar um deles. O ladrão abandonou sua bicicleta e conseguiu fugir.
Esse ladrão é o mesmo morador de rua, usuário de drogas, que foi encontrado , mais tarde, morto e desfigurado por golpes de pedra.
O segurança voltou ao seu local de trabalho, acionou a polícia militar e deu conta dos fatos, entregando a bicicleta.
Naquela noite, algum tempo depois, aquele ladrão apareceu nas imediações da boate, porém, ficando ao longe. O segurança o avistou, quando então comentou com os frequentadores da boate. Dois usuários de drogas, moradores de rua, que também ficam nas imediações pedindo esmolas dos transeuntes, pediram para o segurança mostrar a eles quem era, quando então o segurança o apontou. Eles disseram que iriam dar um “corretivo” nele, que estava “tumultuando o ambiente”. “Essas atitudes espantam as pessoas e discriminam os pedintes” – disseram.
Logo depois, a vítima foi vista saindo de onde estava em companhia dos dois outros usuários de drogas, indo em direção a BR-364.
Cerca de quarenta minutos depois, um daqueles usuários retornou até a boate e disse que haviam matado o ladrão. Quando ouvido, o segurança disse que não acreditou no que disseram e, por isso, não comunicou a polícia.
Em razão disso tudo, o delegado que preside a investigação representou pela prisão temporária dos dois usuários de drogas, moradores de rua.
Ambos se encontram presos, tendo um deles já confessado o crime. Disse que o segurança nada tem a ver com o delito, apenas apontou a vítima a eles , dizendo também que atuaram porque ele estava “atrapalhando”, que estava “roubando muito” por ali e “queimando o filme” dos demais viciados do lugar. Esclareceu que conseguiram atrair a vítima até o local em que a mataram porque a convidaram para usar craque. Sendo usuário contumaz desse tipo de droga, tal qual os seus matadores, aceitou e foi c om eles.
Na confissão que fez, porém, disse “não se lembrar” de ter usado as pedras para matar a vítima. Disse, porém, que quando pararam de agredi-la, permaneceu imóvel, caída no chão.
Em consequência disso, foram indiciados por homicídio qualificado, por motivo torpe e utilização de meio cruel, que prevê a pena de 12 a 30 anos de prisão.
Ambos se encontram presos no Presídio Central. São moradores de rua, usuários de drogas e pessoas que contam com antecedentes criminais, já tendo cumprido pena anteriormente, por outros crimes, contra pessoas e contra o patrimônio.
Seus nomes e fotografias não serão divulgadas, em razão das restrições da legislação.
Via Rondoniatual