A Justiça de Rondônia decidiu que o cantor Cléverson Siebre não será julgado no Tribunal do Júri pela morte de Tatila Istela Portugal. O cantor chegou a ser preso e denunciado por feminicídio, mas provas recentes apontaram que a vítima cometeu suicídio e não foi assassinada.
A sentença de impronúncia foi expedida na terça-feira (8), pela 1ª Vara Criminal de Ariquemes (RO). E entende-se que não há provas suficientes para ele ir a julgamento, mas também não há provas suficientes para uma absolvição sumária, por enquanto.
A defesa de Cléverson informou que pretende recorrer pois quer uma absolvição sumária, o que não aconteceu nessa sentença.
Em setembro do último ano, o Ministério Público do Estado de Rondônia (MP-RO) já havia se manifestado pela absolvição e soltura do réu, após apresentação das provas que descartaram a tese de feminicídio.
O crime
Tátila e Cléverson eram um casal. Eles moravam juntos quando ela morreu, dia 6 de setembro de 2020. No boletim policial consta que ambos chegaram de uma festa, no dia da morte, e começaram a discutir, até que o jovem decidiu sair “para não piorar as coisas”. Quando voltou, encontrou Tátila morta, com uma corda no pescoço.
Doze dias depois, Cléverson foi preso apontado como o principal suspeito de matar a namorada e forjar o suicídio. A prisão foi decretada porque as provas iniciais indicavam inconsistências e alterações na cena do crime.
O laudo produzido pelo Instituto Médico Legal (IML) apontou que as lesões no corpo de Tatila não eram compatíveis com a corda usada no suposto suicídio.
O depoimento das testemunhas também foi um ponto fundamental, já que várias descreveram o acusado com uma personalidade ciumenta e violenta. Também alegaram que em nenhum momento Tátila apresentou sinais depressivos ou práticas suicidas.
Reviravolta
Pouco mais de um ano depois da morte de Tátila e a prisão de Cléverson, a Polícia Federal concluiu os laudos feitos no celular da vítima. Mensagens de texto e áudio enviados por Tátila para algumas pessoas apontaram que ela possivelmente cometeu suicídio.
Após ter acesso às conversas do celular da vítima, o MP descobriu que, momentos antes de morrer, Tatila entrou em contato por WhatsApp com uma mulher chamada “Mãe Dora”. Na mensagem, Tatila escreveu que “não era capaz de suportar” e então se despediu.
Após ter a soltura declarada pela Justiça, o jovem falou ao g1 pela primeira vez sobre o caso e como foi ser preso injustamente.
“Eu vivi o luto dela diante de uma injustiça comigo. Eu pensava 24 horas nela. Dentro da cadeia, em uma cela 2x3m, sozinho, longe da minha família, amigos. A sensação foi de reviver o dia em que eu fui preso. Eu só pensava em mostrar que eu era inocente e que não poderia ter matado o amor da minha vida.”, revela.
Por Franciele do Vale, Rede Amazônica