Na semana passada, após entregar uma carregamento de adubo em uma fazenda no município de Corumbiara, o caminhoneiro Sebastião Vicente Araújo, de 58 anos, encostou sua carreta num posto de combustíveis, em Vilhena, e ficou esperando para carregar novamente e retornar à sua cidade natal, Assis, no interior de São Paulo.
Na quarta-feira, 27, após passar necessidades enquanto aguardava o novo frete, o motorista pediu que a esposa lhe enviasse dinheiro. Ele chegou a comprar passagem para retornar de ônibus a São Paulo. Deixaria o caminhão no local para que a empresa mandasse alguém buscar o veículo.
Horas antes do embarque, no entanto, Sebastião sofreu um infarto, enquanto conversava com chapas no posto onde estava estacionado. Os próprios amigos socorreram a vítima, levando-a até o Hospital Regional. Por volta das 16:00h de ontem, Tião morreu em virtude do ataque cardíaco que havia sofrido dois dias antes.
O Folha do Sul conversou com um cunhado do caminhoneiro, que veio de ônibus até Vilhena, junto com a viúva, para providenciar o translado do corpo e levar o caminhão. Ao site, ele fez denúncias graves, garantindo que o cunhado jamais havia tido problemas cardíacos.
O entrevistado, que também é caminhoneiro, disse que a morte do familiar resume a situação dos profissionais da categoria, que estão adoecendo em virtude das tensões da profissão. “Vou voltar para São Paulo e procurar emprego em outra área. Os patrões estão fazendo a gente adoecer. Quase todo mundo tá com diabete e pressão alta”.
O denunciante disse que, como os motoristas trabalham por comissão, só garantem rendimento se houver fretes, e dispara: “mas os patrões obrigam a gente a ficar esperando até que consiga uma carga cujo valor seja bom pra eles. Enquanto isso, passamos até fome nessa espera”.
Fonte: Folha do Sul