A prisão preventiva de Alberto Noebal Neto, o “Bertim”, de 24 anos, principal suspeito de ter executado o plano que culminou no assassinato de Sebastião Ricardo Ferreira, o “Tião do Boi”, 64 anos, ocorrido em junho na zona rural de Ouro Preto do Oeste (RO), está alicerçada em um trabalho de investigação que reúne provas robustas contra o acusado.
O delegado Niki Locatelli conduz o Inquérito sobre o crime de homicídio. Com a prisão de Alberto, a Polícia Civil vai poder concluir o inquérito sem a interferência do acusado, e apurar se há mais alguém envolvido no assassinato, cuja dinâmica tem a confiança e a amizade que a vítima nutria pelo investigado, como fator crucial para a execução do plano macabro.
Tião do Boi foi executado dentro de seu veículo, um Fiat Strada, com sete disparos efetuados de um rifle calibre 22, por volta de 5h10 da manhã do dia 24 de junho no travessão da Linha 08 da RO-470, área rural do município. (Relembre aqui)
Os disparos que atingiram a cabeça da vítima causaram traumatismo crânio encefálico, segundo o laudo tanatoscópico.
A Polícia Civil apurou no curso da investigação que, no mês de maio, Alberto fez contato com Tião do Boi e disse que um comprador de gado, que seria domiciliado nos Estados Unidos, queria adquirir 30 trinta novilhas da vítima, e deu como referência uma propriedade rural onde o gado deveria ser apartado. Sr Sebastião não sabia que a venda do gado era uma armadilha para matá-lo.
Tião do Boi combinou a negociação, reuniu suas novilhas, fez a pesagem e embarcou os animais levando-os para a terra indicada por Alberto, propriedade que, para Tião, pertenceria ao suposto comprador dos EUA, mas que na verdade era a terra de um familiar do verdadeiro comprador que negociou direto com Alberto, sem o conhecimento de Tião.
Ainda segundo a investigação, Alberto recebeu pelo gado R$ 14.000,00 em dinheiro mais um veículo Fiat Strada pelo valor de R$ 54.000,00, totalizando R$ 68.000,00. No entanto, para Tião, Alberto disse que ainda não tinha recebido o dinheiro da venda.
Durante a investigação, a polícia descobriu que Alberto recebeu pelo gado no final de maio, e que o carro adquirido no valor de R$ 54 mil, pela tabela Fip, foi vendido a uma garagem de veículo por R$ 41 mil, preço bem abaixo do valor de mercado.
A investigação concluiu que Alberto, para não repassar o dinheiro das novilhas, foi ludibriando Tião do Boi até o dia de sua morte, 24 de junho, data em que o comprador e vendedor de gado foi atraído para a esquina da linha vicinal onde foi assassinado, iludido por Alberto que naquela manhã receberia pelas novilhas vendidas.
A Polícia Judiciária Civil também investigou as mensagens trocadas entre o investigado e a vítima, e comprovou que na manhã do crime o suspeito enviou mensagem de áudio para Tião por volta de 5h00, de dentro de um veículo, e enviou outro áudio às 5h46, próximo de uma ordenhadeira em funcionamento, numa tentativa de criar um álibi.
No primeiro áudio, em movimento, Alberto está indo de encontro a Tião, que foi morto por volta de 5h10. Passaram-se 30 minutos entre um áudio e o outro, tempo suficiente para o investigado retornar a propriedade rural onde residia.
Além de derrubar as várias tentativas do investigado em negar participação no crime, a Polícia Civil também verificou a data que Bertim adquiriu ilegalmente o rifle calibre 22, semiautomático.
No inquérito, o delegado fez constar o resultado do laudo da Polícia Técnico-científica (Politec), confirmando que estojos balísticos encontrados na cena do crime, indicam que a arma utilizada no crime foi uma semiautomática, calibre 22.
O juiz de direito Carlos Roberto Rosa Burck, titular da 1ª Vara Criminal da Comarca, acatou o pedido de prisão preventiva e Alberto foi localizado e preso na noite de sexta-feira (12), e recolhido à Casa de Detenção de Ouro Preto do Oeste.