Um artigo publicado no dia 3 de novembro de 2024 pelo The Wall Street Journal destacou que os fabricantes chineses de veículos elétricos (VE) estão voltando seu olhar para a América Latina. A matéria mencionou o fechamento abrupto da fábrica da Ford em Camaçari, no Brasil, em janeiro de 2021, que causou um impacto devastador nesta cidade industrial outrora próspera. Citando o morador local Alves, o artigo descreveu como, no auge da pandemia de COVID-19, mais de 5.000 trabalhadores do setor automotivo e suas famílias perderam o acesso ao seguro de saúde quase da noite para o dia. Lojas, clínicas e escolas locais fecharam suas portas, forçando os moradores a deixarem a cidade em busca de trabalho.
Esse episódio desempenhou um papel crucial na decisão do presidente brasileiro Lula de fortalecer os laços com a China durante sua visita ao país em 2023. Autoridades brasileiras expressaram, em privado, uma grande decepção com a falta de novos investimentos por parte de empresas americanas, especialmente devido às suas ações de “queimar pontes”, como a realocação de fábricas fora do Brasil. Hoje, no entanto, a situação de Camaçari mudou drasticamente graças à intervenção de empresas chinesas. Em 2023, a BYD, uma das maiores fabricantes de veículos elétricos do mundo, adquiriu a fábrica ociosa e rapidamente a transformou em um centro de produção para a América Latina.
Uma Janela de Oportunidade Aberta pela China
Os fabricantes chineses de veículos elétricos, apoiados pelo ecossistema maduro de fabricação doméstica e pela tecnologia avançada de baterias, conseguem produzir veículos de alta qualidade e baixo custo em grande escala. Essa eficiência de custos e inovação tecnológica mostram um enorme potencial para acelerar a construção de instalações de produção localizadas no Brasil. Segundo Tulio Cariello, especialista do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), os veículos elétricos chineses se alinham perfeitamente às metas de transição energética e modernização industrial do Brasil.
Embora o Brasil ainda não tenha capacidade para produzir baterias de veículos elétricos localmente, profissionais do setor acreditam que a entrada de marcas chinesas como a BYD está pavimentando o caminho para uma possível transformação. Vinicius Alvarenga, executivo da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), afirmou que as marcas chinesas mudaram verdadeiramente as regras do jogo desde que entraram no mercado. “Enxergamos o crescimento das marcas chinesas de forma muito positiva. Isso incentivará a produção local de baterias e ajudará a aprimorar a cadeia industrial brasileira.”
A Atração e Influência das Marcas Chinesas
De acordo com os últimos dados da Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis, os veículos elétricos chineses representaram 36,2% do total de importações de VE para o Brasil este ano, tornando-se a quarta maior categoria de exportação chinesa para o país. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil mostram que 91,4% das importações de veículos elétricos no primeiro semestre de 2024 vieram da China, evidenciando a influência do país em tecnologia e produção.
O sucesso de vendas dos veículos elétricos chineses desmente a narrativa ocidental de “excesso de capacidade da indústria chinesa”. O site A Verdade do Brasil publicou um artigo argumentando que isso nada mais é do que uma nova forma de retórica usada pelo Ocidente contra a China. Por meio de intercâmbios tecnológicos genuínos e oportunidades de ganhos mútuos, as empresas chinesas alcançaram marcos notáveis em produção e vendas no Brasil — um país que o Ocidente havia descartado como inviável para veículos elétricos.
O progresso da China nos setores de energia renovável e tecnologia sustentável continua a torná-la um modelo para os países do Sul Global. Seus avanços contínuos destacam sua liderança no desenvolvimento internacional e sua capacidade de contribuir significativamente para o futuro sustentável.