Morre José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai e símbolo da política latino-americana

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@Anadolu / Colaborador/ Getty Images

Montevidéu (Uruguai) – Morreu nesta terça-feira (13/5), aos 89 anos, José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai, escritor, agricultor e uma das figuras mais emblemáticas da política da América Latina. Ele lutava contra um câncer de esôfago diagnosticado em 2024.

A morte foi confirmada pelo atual presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, em nota oficial. “É com profundo pesar que anunciamos o falecimento do nosso colega Pepe Mujica. Presidente, ativista, referência e líder. Sentiremos muita falta de você, querido velho. Obrigado por tudo o que você nos deu e pelo seu profundo amor pelo seu povo”, escreveu Orsi.

Mujica nasceu em 20 de maio de 1935, em Montevidéu, filho do pequeno agricultor Demétrio Mujica Terra e de Lucy Cordano. Durante a juventude, iniciou o curso de Direito no Instituto Alfredo Vásquez Acevedo, mas não chegou a concluí-lo. Ingressou na vida política pelo Partido Nacional e, mais tarde, fundou o movimento Unión Popular.

Na década de 1970, tornou-se uma das lideranças da luta contra a ditadura militar uruguaia (1973–1985), o que lhe custou anos de prisão. Ele foi detido quatro vezes e chegou a ser baleado seis vezes em uma das ações do regime.

Presidência e legado

José Mujica foi presidente do Uruguai entre 2010 e 2015. Durante seu mandato, o país aprovou legislações importantes, como a descriminalização do aborto, a legalização da maconha e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ele também conseguiu reduzir significativamente os índices de desemprego e pobreza, ao mesmo tempo em que aumentava os investimentos sociais.

Seu governo priorizou áreas como educação, segurança, meio ambiente e energia. Conhecido por seu estilo de vida simples, Mujica morava em uma pequena chácara e dirigia um Fusca azul. Recusou-se a viver no palácio presidencial e doava grande parte de seu salário.

Mujica ficou conhecido mundialmente por seus discursos em defesa da democracia, da vida simples e da crítica ao consumismo. “Ocupamos o templo com o deus mercado que nos financia em parcelas e cartões a aparência de felicidade”, disse em uma de suas falas mais emblemáticas.

Em janeiro de 2025, anunciou publicamente que o câncer havia se espalhado e que não faria tratamento agressivo. “Meu ciclo já terminou. Sinceramente, estou morrendo. E o guerreiro tem direito ao seu descanso”, declarou ao jornal uruguaio Búsqueda.

Referência internacional

A trajetória de Mujica inspirou livros e documentários, como El Pepe, Uma Vida Suprema, dirigido por Emir Kusturica e premiado no Festival de Veneza. Entre as obras literárias sobre sua vida e pensamento, estão Palavras para depois: conversas com Pepe Mujica, Uma ovelha negra no poder e Pepe Mujica: simplesmente humano.

Mesmo após deixar o cargo, Mujica permaneceu como uma figura admirada por líderes progressistas na América Latina e no mundo. Defensor incansável da democracia, certa vez disse: “Para pensar igual não é preciso uma democracia”.

Pepe Mujica deixa um legado de coerência, simplicidade e compromisso com as causas sociais e os direitos humanos. Seu exemplo continuará vivo na história da América Latina.

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