Londres – Anistia Internacional, Repórteres Sem Fronteiras, PEN International e Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ) estão entre as organizações que protestaram contra a prisão do jornalista cubano José Luis Tan Estrada, devido a postagens em redes sociais com críticas ao governo de Cuba.
Tan Estrada foi preso na última sexta-feira (26) na capital cubana, Havana e está detido na prisão de Villa Marista, segundo veículos independentes locais. Ele confirmou a prisão por telefone à ativista Yamika Lafita.
Dez dias antes da prisão, o jornalista tinha sido convocado a uma delegacia e libertado após pagamento de multa de 3 mil pesos cubanos (equivalente a R$ 645), como ele relatou no Facebook, onde escreve frequentemente sobre questões relacionadas a serviços deficientes à população de Camargüey, onde vive.
Jornalista na prisão foi demitido de faculdade de Cuba
José Luiz Tan Estrada tem 26 anos e foi professor de jornalismo e mídias digitais. na Universidade Pública de Camagüey. Em 2022, perdeu o emprego por criticar abertamente o governo cubano, segundo o CPJ.
Além de manter uma página de notícias no Facebook, ele também contribui como jornalista freelance para várias publicações de mídia cubana independentes baseadas fora do país, incluindo Yucabyte, CubaNet e Diario de Cuba, escrevendo sobre as condições de vida em Camagüey e questões relacionadas à mídia digital.
De acordo com o site Periódico Cubano, Tan Estrada participou de uma reunião em Camagüey no final de março com outros defensores dos direitos humanos e jornalistas para discutir estratégias e propor medidas para aliviar a crise econômica do país e promover reformas democráticas.
O jornalista havia sido intimado a comparecer a uma delegacia duas vezes em 72 horas nos dias que antecederam sua detenção, a segunda em 16 de abril, 10 dias antes de ser preso.
Após o interrogatório, ele relatou no Facebook que foi obrigado a ficar apenas com as calças que vestia para se registrar, e que um policial informou sobre uma denúncia de “atividade subversiva” feita pouco antes por um grupo comunitário local.
Multa não evitou a prisão dez dias depois
Segundo o jornalista, uma inspetora de telecomunicações entrou na sala e aplicou a multa de 3 mil pesos cubanos por violação do Decreto-Lei 370, que proíbe a divulgação de informações “contrárias ao interesse social, à moral, aos bons costumes e à integridade das pessoas”.
Para justificar a multa, ela mostrou uma pasta cheia de publicações do jornalista no Facebook, X (Twitter), curtidas de memes, comentários, curtidas de outras publicações e memes compartilhados, ironizando sua atividade online:
“De acordo com a inspetora, ‘gosto de coisas engraçadas contra líderes’”, escreveu Tan, que exibiu no Facebook o recibo do pagamento.
No post em que relatou a visita à delegacia, José Luis Tan Estrada demonstrou disposição para continuar se manifestando, e criticou o governo.
“Mais uma vez, as mãos repressivas e assediadoras do regime cubano tentam silenciar todos que levantam as vozes contra as constantes violações dos direitos humanos.”
Mesmo tendo pago a multa, o jornalista acabou preso.