A brasileira Juliana Marins, 26, presa a 650 metros de profundidade após cair durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, morreu. A informação foi confirmada pela família dela nas redes sociais, pelo Itamaraty e pelo governo local.
O que aconteceu
Informação sobre morte veio após o quarto dia de tentativa de resgate da brasileira. “Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu”, afirmou a família. Poucas horas antes, o Ministério do Turismo daquele país afirmou que ela estava em “estado terminal”, segundo avaliação das equipes de busca.
Socorristas chegaram até o corpo de Juliana e constataram a morte. Segundo a Agência Nacional de Busca e Resgate, os socorristas chegaram ao ponto de queda dela às 18h31 no horário local (7h31 no horário de Brasília), constataram que ela estava morta e começaram a operação para retirada do corpo do local. Às 19h (8h no horário de Brasília), porém, o mau tempo obrigou que a operação fosse suspensa.
Equipe de resgate armou acampamento e aguarda melhora do tempo para trazer o corpo de volta. Segundo as autoridades locais, eles vão retomar a operação às 6h (19h no horário de Brasília) e seguirão o método vertical de resgate, que conta com cordas para içar socorristas e vítimas.
Governo brasileiro lamentou a morte e informou que corpo de Juliana foi encontrado pelas equipes de resgate. Segundo o órgão, as buscas foram dificultadas pelas “condições meteorológicas de solo e de visibilidade adversas”.
Pai de Juliana está a caminho de Bali. Manoel Marins disse nas redes sociais que estava partindo de Lisboa para o país asiático por volta das 8h (horário de Brasília). Ele chegou ao aeroporto português ontem, mas não conseguiu voar devido a bombardeios da guerra entre Israel e Irã que fecharam aeroportos no Oriente Médio.
Parentes agradeceram pelo apoio das pessoas nas redes sociais. O perfil criado para compartilhar informações sobre o resgate da brasileira ganhou 1,5 milhão de seguidores em quatro dias.
O UOL apurou que a família de Juliana já se mobiliza para fazer o translado do corpo. A reportagem entrou em contato com o Itamaraty, mas não houve resposta. O espaço está aberto para manifestação.
Translado de corpo não pode ser custeado com recursos públicos, segundo decreto federal. O Ministério das Relações Exteriores pode auxiliar a família com assistência consular, inclusive para obtenção do atestado de óbito.
Seguimos muito gratos por todas as orações, mensagens de carinho e apoio que temos recebido.
Família de Juliana, em publicação nas redes sociais
Condições climáticas não permitiram que um helicóptero fosse usado para o socorro, já que há acúmulo de névoa. Segundo a família, equipes trabalham com três abordagens diferentes para retirar a brasileira do local, porém não foram divulgados detalhes sobre quais seriam as outras.
Trecho da trilha onde jovem caiu foi fechado para a operação de resgate. A informação foi confirmada pela administração do parque, que, por três dias, permitiu a entrada e passagem de turistas pelo mesmo local onde a brasileira se desequilibrou e caiu.
Demora no resgate ocorreu por dificuldades na trilha, diz governo local. A Barsanas (Agência Nacional de Resgate da Indonésia) afirmou que a dificuldade de acesso à trilha fez com que as pessoas que viram que Juliana tinha caído levassem oito horas até conseguir avisar as autoridades sobre o acidente. Segundo eles, desde o primeiro dia tentativas de resgate com cordas e macas foram feitas, sem sucesso.
Drone térmico localizou paradeiro da brasileira ontem, perto de um desfiladeiro. A agência de resgate voltou a afirmar que Juliana foi vista imóvel, 400 metros abaixo do ponto da queda original dela e à beira de um desfiladeiro de “altíssima dificuldade de acesso”.
Entenda o caso
A publicitária Juliana Marins, de 26 anos, tropeçou e escorregou durante a trilha na noite de sexta-feira (20). Ela rolou da montanha e foi parar a cerca de 300 metros abaixo do caminho da trilha, no vulcão Rinjani, na ilha de Lombok. Com isso, ficou debilitada e não conseguia se movimentar.
Três horas depois do acidente, um grupo de espanhóis encontrou a brasileira. A irmã dela, Mariana, vive em Niterói (RJ), disse ao UOL que as pessoas que passaram pelo local perguntaram o nome de Juliana e tentaram achar familiares e amigos dela pelas redes sociais.
Família acompanhou situação por fotos e vídeos enviados pelos espanhóis, na espera pelo resgate. Mariana diz que tudo se agravou com o aparecimento de uma neblina e umidade muito forte, que fez com que Juliana escorregasse ainda mais da pedra. A irmã chegou a dizer que seria um ”absurdo se ela morresse por falta de socorro”.
Juliana fazia um ”mochilão” desde o final de fevereiro com uma agência de turismo. ”A empresa de turismo que a levou ficou mentindo o tempo todo, dizendo que o resgate tinha chegado, e não tinha chegado coisa nenhuma”, relatou a irmã.
Vaquinhas falsas foram criadas em nome da família. Em publicação nas redes sociais, os parentes de Juliana afirmaram que não criaram nenhum perfil para pedir ajuda nas redes sociais. “Esses perfis [que estão pedindo dinheiro] são fake. Denunciem”, afirmaram.