Rolim de Moura (RO)– Em mais um episódio que escancarou a incoerência política e levantou críticas da população local, os vereadores Thiago Hulk e Marcelo Belgamazzi votaram contra a criação de 10 novos cargos comissionados na Câmara Municipal, mas, contraditoriamente, procederam com nomeações em seus próprios gabinetes após a aprovação do projeto.
O Planeta Folha teve a informação de que os dois foram os primeiros vereadores a apresentar os nomes dos seus novos comissionados (portariados).
A votação ocorreu no dia 14 de abril de 2025, quando a Câmara aprovou, por maioria, a criação dos cargos, com custo mensal de R$ 4.381,18 cada, gerando um impacto anual de R$ 525.741,60 aos cofres públicos do legislativo. A medida foi aprovada sobre contestação, especialmente por ter sido aprovada sem o devido debate e em meio a uma sessão marcada por forte presença policial no plenário, convocada pelo presidente Ivan Vasconcelos devido à votação simultânea do polêmico Organograma do Executivo Municipal.
Dos vereadores presentes, apenas três se posicionaram contra a proposta da criação dos 10 cargos: Marcelo Belgamazzi, Thiago Hulk e Professor Edilson. No entanto, a ética e a coerência política seguiram caminhos diferentes entre os três. Belgamazzi e Hulk, apesar de terem votado contra, não hesitaram em utilizar os cargos recém-criados para nomear aliados em seus gabinetes, desrespeitando o espírito de seu próprio voto e frustrando expectativas de boa conduta parlamentar.
Professor Edilson dá exemplo de coerência e responsabilidade
Em contraponto, o vereador Professor Edilson manteve sua postura firme e ética. Mesmo com o projeto aprovado, ele decidiu não realizar nenhuma nomeação para o cargo que lhe caberia, reafirmando publicamente seu compromisso com o voto que proferiu. Em entrevista ao site Planeta Folha, Edilson declarou: “Vou honrar meu voto. Se eu votei contra, eu não posso, por ética, usufruir de tal benefício”, disse, ao confirmar que seu gabinete continuará sem o assessor comissionado, resultando em uma economia anual de R$ 52.574,16.
A atitude do Professor Edilson foi vista como rara demonstração de integridade no cenário político local e amplamente elogiada por moradores e internautas nas redes sociais.
Janete Lins e os bastidores da política
Outro ponto que gerou comentários nos bastidores foi a situação da vereadora Janete Lins, que recebeu dois cargos comissionados: um em seu gabinete e outro na Procuradoria da Mulher, órgão pelo qual é responsável. Fontes ligadas à Câmara afirmam que a segunda nomeação teria sido uma contrapartida pela atuação de Janete na eleição da nova Mesa Diretora da Casa, que elegeu Ivan Vasconcelos como presidente no primeiro biênio e, ironicamente, Marcelo Belgamazzi – um dos que votaram contra os cargos, mas acabou usufruindo deles – como presidente no segundo biênio.
Falta de transparência e pressa na aprovação
O projeto que criou os cargos sequer foi devidamente discutido com a população ou amplamente debatido entre os vereadores. A votação foi conduzida de forma acelerada, com muitos cidadãos reclamando que não entenderam o real objetivo da proposta. No vídeo da sessão, disponível online, é possível acompanhar a discussão confusa a partir do minuto 58, momento em que o projeto foi votado sem esclarecimentos adequados.
População decepcionada
A incoerência de Thiago Hulk e Marcelo Belgamazzi ao nomear assessores após votarem contra a criação dos cargos expõe uma prática política que mina a confiança do cidadão em seus representantes. Em contraste, o gesto do vereador Professor Edilson reafirma que é possível fazer política com ética e responsabilidade.
Resta à população cobrar coerência de seus eleitos e valorizar, nas próximas urnas, quem realmente honra seus compromissos com a coletividade.
Assista ao vídeo da sessão do dia 14 de abril e entenda:
