O que começou como um simples mal-estar se transformou, em menos de duas semanas, em uma luta desesperada pela vida. Lázaro Vinícius, um adolescente de 16 anos, saudável e cheio de sonhos, faleceu após ser diagnosticado com linfoma de Burkitt — um tipo raro e extremamente agressivo de câncer. A doença avançou de forma tão rápida que surpreendeu até os médicos do Hospital Regional de Cacoal (RO), onde ele esteve internado por 12 dias.
Sem histórico de problemas de saúde, Lázaro teve os primeiros sintomas no início de 2025. Segundo sua irmã, Ingridy Mayara Prado, ele era um jovem ativo, apaixonado por futebol, e nunca havia apresentado qualquer complicação médica. “Ele sempre foi saudável. O único motivo para ir ao hospital foi uma vez que caiu de um balanço”, relembra.
Lázaro começou a sentir dores no rosto após uma queda de bicicleta. A princípio, a família pensou se tratar de um dente inflamado, mas essa possibilidade logo foi descartada. Um neurologista foi consultado, e ele chegou a ser internado para observação, mas seu quadro só se agravava. Em pouco tempo, já havia perdido cerca de 10 quilos e apresentava sintomas como sangramentos, inchaços e dores intensas.
Mesmo com biópsias realizadas na medula óssea, no couro cabeludo e no pescoço, os médicos ainda não haviam identificado com precisão o que causava a piora tão acelerada. “Ele tomava morfina constantemente, mas a dor sempre voltava. Mesmo assim, nunca perdeu a fé”, relata a irmã.
Na reta final, o estado de saúde de Lázaro entrou em colapso. Internado na UTI, foi diagnosticado com sepse, uma infecção grave contraída no hospital. No dia 30 de março, sofreu uma parada cardíaca, e embora tenha respondido inicialmente à medicação, seu corpo já não resistia. À noite, após uma segunda parada cardíaca de 30 minutos, Lázaro faleceu, deixando a família, amigos em choque.
Entenda o que é o linfoma de Burkitt
Segundo o hematologista Wülgner Farias, o linfoma de Burkitt é um tipo de câncer que afeta principalmente crianças e jovens entre 5 e 25 anos, com predominância em meninos. A doença se espalha com extrema velocidade e pode atingir a mandíbula, ossos da face, abdômen, fígado e até o cérebro.
“O linfoma de Burkitt tem uma taxa de duplicação celular altíssima. Em poucos dias, ele pode se espalhar por todo o corpo. Por isso, o diagnóstico precoce é vital”, explica o especialista.
O tratamento envolve esquemas intensivos de imuno-quimioterapia, geralmente com internação hospitalar prolongada. Quando detectado a tempo, as chances de cura podem ultrapassar 80%. No entanto, cada dia de atraso no diagnóstico pode ser fatal.
Um jovem sonhador e cheio de vida
Natural de Rolim de Moura (RO), Lázaro era apaixonado por futebol desde os 4 anos de idade. Mesmo com a irmã vivendo nos Estados Unidos, os dois mantinham uma relação próxima, trocando mensagens todos os dias e fazendo planos para o futuro.
“Ele sonhava em me visitar. Sempre dizia que também queria morar nos EUA um dia. Nossa conexão era forte, apesar da distância”, conta Ingridy, emocionada.
Antes de ser intubado, Lázaro teve a chance de se despedir da família. Mesmo diante da dor e da incerteza, demonstrava coragem. “Ele costumava dizer que ‘ia fazer história’, e hoje entendo o que ele queria dizer com isso. A história dele tocou muitas pessoas”, afirma a irmã.
Um adeus precoce, mas cheio de significado
Após o falecimento, a família recebeu o laudo final: linfoma de Burkitt. O diagnóstico só veio após sua morte, confirmando que o câncer estava presente em seu corpo de forma silenciosa há muito tempo.
“Sabemos que nem sempre a vontade de Deus é a mesma que a nossa. Mas somos gratos pelos 16 anos saudáveis e felizes que tivemos com ele. Ele viveu intensamente, praticou o esporte que amava, tocou a vida de muitas pessoas e será sempre lembrado com amor”, conclui Ingridy.
