Após forte repercussão gerada por reportagens do site Planeta Folha, a Câmara de Vereadores de Rolim de Moura (RO) realizou nesta segunda-feira (7) mais uma sessão ordinária. Porém, para surpresa da população, apenas um projeto foi votado, tratando-se de uma abertura de crédito voltada à área da educação.
A sessão anterior, realizada em 30 de junho, foi encerrada rapidamente sem que nenhum projeto do Executivo fosse votado. O motivo: vereadores teriam pressa para viajar até Brasília, onde participaram de um curso de apenas quatro horas diárias ao longo dos cinco dias.
Viagem gerou quase R$ 50 mil em gastos públicos
Segundo apuração do Planeta Folha, os vereadores Professor Edilson, Ivan Vasconcelos (presidente da Câmara), Marcelo Bergamazzi e Thiago Hulk receberam, cada um, cinco diárias no valor de R$ 6.122,00, totalizando R$ 24.488,00.
Somam-se a isso os custos com passagens aéreas, que chegaram a R$ 5.147,41 por parlamentar. Ao final, cada vereador custou aos cofres públicos R$ 11.269,41. A taxa de inscrição do curso ainda somou R$ 4.600,00 ao total das despesas.
A viagem de apenas quatro vereadores acumulou um gasto de R$ 49.677,64, enquanto mais de 30 projetos seguem parados dentro da Casa de Leis.
O curso em questão, intitulado “O Legislador e seu Papel Fiscalizador Auxiliado pelo Tribunal de Contas/Controle Interno”, foi promovido pela empresa Rui Barbosa Escola de Gestão Pública Ltda., entre os dias 1º e 4 de julho de 2025, em Brasília/DF.
Reunião das comissões extra foi convocada para destravar projetos
Diante da pressão da imprensa e da opinião pública, o presidente da Câmara, vereador Ivan Vasconcelos, anunciou durante a sessão desta segunda-feira (7) que a próxima sessão, que ocorrerá na seguda-feira, 14, será exclusiva para votação de todos os projetos sejam votados.
A expectativa é de que mais de 30 projetos travados sejam finalmente apreciados e votados. Ivan também convocou reuniões extraordinárias das comissões permanentes para quarta-feira (9), a fim de acelerar as deliberações pendentes que se arrastam há semanas.
Projetos parados prejudicam saúde, educação e infraestrutura
A paralisação dos trabalhos legislativos atinge diretamente setores essenciais do município. Entre os projetos represados, destacam-se:
- Compra de medicamentos via emendas parlamentares – R$ 170 mil e R$ 77 mil
- Aquisição de materiais ortopédicos – R$ 116 mil
- Reformas em unidades de saúde e compra de equipamentos
- Ampliação do centro cirúrgico e construção de unidade de parto normal
- Projetos para educação infantil, alimentação escolar e cultura
- Obras de infraestrutura urbana e investimentos no esporte
A demora na votação coloca em risco o funcionamento de políticas públicas importantes, principalmente na saúde, onde faltam medicamentos e insumos básicos.
Cobrança da imprensa foi decisiva
A cobertura feita pelo Planeta Folha, que expôs os gastos da viagem e a ausência de produtividade nas últimas sessões, mobilizou a opinião pública e colocou pressão sobre o Legislativo. O próprio presidente da Câmara reconheceu a necessidade de retomar os trabalhos com urgência.
“Vamos votar todos os projetos que estão aptos para serem votados. As comissões ai se reunir na quarta-feira próxima, para sejam deliberados os projetos que ainda faltam pareceres das comissões, deixando ambos aptos para serem votados”, afirmou Ivan Vasconcelos.