Times patrocinados por casas de apostas: o novo cenário do futebol nacional

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O futebol brasileiro vive uma transformação profunda no que diz respeito à origem dos seus principais patrocínios. A cada rodada, fica mais evidente nas camisas dos clubes o peso do setor que mais cresce no país: as casas de apostas. Movimentando bilhões de reais anualmente, essas plataformas não apenas ampliaram sua presença nos meios digitais, mas agora figuram como protagonistas nos bastidores do esporte mais popular do país.

O avanço é nítido. Nos últimos anos, as casas de apostas têm ganhado espaço de forma expressiva no futebol brasileiro, especialmente após a regulamentação do setor. Em 2024, 75% dos clubes da Série A já contavam com essas empresas como patrocinadoras principais, refletindo uma nova realidade também nas Séries B e C. Plataformas como a oddschecker, que compara as casas de apostas disponíveis para o Brasil, ajudam a ilustrar a força e a variedade desse mercado em expansão.

Já em 2025, esse número subiu, sendo que 90% dos clubes da primeira divisão do Campeonato Brasileiro têm como patrocinador principal alguma casa de apostas. E mais: todos os times da elite contam com algum tipo de vínculo comercial com empresas do setor, seja nos uniformes, nas placas de publicidade ou em ações de marketing. A tendência também se estende à Série B, na qual 70% das equipes firmaram parcerias semelhantes.

Com contratos robustos e visibilidade garantida em uma paixão nacional, as empresas de apostas passaram de coadjuvantes a protagonistas no financiamento do futebol profissional. O novo cenário, embora financeiramente atraente para os clubes, também levanta debates importantes sobre os limites e responsabilidades dessa relação.

Contratos milionários com grandes clubes

A entrada das casas de apostas no futebol não se limitou a clubes de menor expressão. Pelo contrário: Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Vasco são exemplos de times que fecharam acordos milionários com empresas do setor. O Timão, por exemplo, assinou em 2024 com a Esportes da Sorte um acordo que pode chegar a R$ 309 milhões até o fim de 2026.

O São Paulo não ficou para trás. Desde 2023, o Tricolor paulista exibe a marca da Superbet em seu uniforme, com um contrato avaliado em R$ 78 milhões anuais, valor considerado como um dos mais altos da história do clube. Já o Palmeiras firmou parceria com a Sportingbet, agregando mais um nome forte à lista de gigantes do setor com presença na Série A, cujo patrocínio renderá R$ 100 milhões fixos por ano, com direito a correção e bônus por metas atingidas.

Outro caso que chama atenção é o do Vasco, que tem como patrocinadora principal a Betfair, uma das mais tradicionais casas de apostas do mundo. O contrato, fechado em 2024, também gira na casa dos R$ 70 milhões de reais por ano, contribuindo significativamente para o equilíbrio financeiro do clube em meio a um processo de reestruturação.

Flamengo e sua própria casa de aposta

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O Flamengo, por sua vez, adotou uma estratégia ainda mais ousada e inédita. Em vez de apenas firmar uma parceria comercial com alguma das grandes casas de apostas, o clube optou por lançar sua própria plataforma: a Flabet, que pertence à Pixbet. A decisão, anunciada em 2024, posiciona o Rubro-Negro como o líder no ranking de maiores contratos do país, num acordo que vale R$ 115 milhões por temporada.

Apesar disso, a Flabet não é vista como um patrocínio, mas um licenciamento da marca do clube. Essa parceria exclusiva gera não só receitas fixas, mas também participação direta do Flamengo nos ganhos obtidos pela operação da plataforma, inaugurando um modelo de negócio que poderá servir de referência para outras equipes no futuro.

Grêmio e Inter patrocinados pela Alfa

Enquanto alguns clubes apostam em estratégias inovadoras, outros mantêm uma linha de estabilidade e longevidade nas parcerias. É o caso da dupla Gre-Nal no Rio Grande do Sul. Em 2025, Grêmio e Internacional firmaram um contrato conjunto com a Alfa.bet, nova marca de apostas que passa a estampar os uniformes de ambas as equipes como patrocinadora máster.

O que chama atenção nesse movimento não é apenas o fato de os dois maiores rivais do Sul dividirem o mesmo patrocinador, mas sim a continuidade dessa relação. Desde 2001, ambos os clubes vêm mantendo contratos com o mesmo grupo empresarial, algo que já acontecia com o Banrisul. A troca de segmento mostra como até as parcerias mais tradicionais se adaptam ao novo contexto financeiro do futebol.

Desafios éticos e legais das parcerias com casas de apostas

Apesar do impacto financeiro positivo, a presença das casas de apostas no futebol brasileiro também levanta uma série de questionamentos éticos e legais. O primeiro deles diz respeito à integridade esportiva. Casos recentes de manipulação de resultados envolvendo apostas esportivas trouxeram à tona a necessidade urgente de mecanismos de controle e transparência mais rígidos.

Do ponto de vista regulatório, embora a atividade das casas de apostas tenha sido finalmente reconhecida e legalizada no Brasil, ainda há lacunas na fiscalização e na responsabilização em caso de abusos. O desafio, portanto, é encontrar o equilíbrio entre os benefícios financeiros trazidos por essas parcerias e a necessidade de proteger a integridade do esporte.

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