O mercado de vendas de automóveis no Brasil teve um excelente ano em 2019, como nunca se via desde antes do início da crise econômica dos últimos anos. Os dados são da Fenabrave, Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores.
De acordo com a entidade, o Brasil registrou 2,78 milhões de emplacamentos de automóveis de todos os tipos, incluindo carros, comerciais leves, ônibus e caminhões. Em 2018, o total foi de 2,56 milhões, fazendo com que os resultados de 2019 tenham sido 8,65% maiores.
Na verdade, desde 2014 que o setor automotivo não tinha um resultado tão bom assim. De lá para cá, o mercado automotivo brasileiro passou por uma crise pesada, acompanhando toda a economia nacional e o Brasil como um todo, por um processo de impeachment, alta gigantesca dos juros e agora uma queda gigantesca.
Nesse meio tempo, quem liderou o mercado foi o Chevrolet Onix, que foi o líder de vendas nos últimos cinco anos: 2019, 2018, 2017, 2016 e 2015. Inclusive, no ano passado, o Onix foi vendido muito mais do que os competidores, tendo mais do que o dobro de vendas do segundo lugar do ranking, o Ford Ka.
Mas o que explica esse sucesso todo? De acordo com os especialistas, é uma série de fatores que convergiu para melhorar o setor.
Um dos grandes elementos que contribuiu para o aumento de vendas em 2019 foi a queda na taxa de juros. A Taxa Selic começou o ano em 6,40% e terminou em 4,50%. Isso sem falar no fato de que, em 2016, a taxa chegou a ficar em 14%.
Como a Selic é a taxa básica de juros da economia nacional, ela afeta todas as outras. Por isso, quando a Selic cai, cai também o CDI, os juros de empréstimos e financiamentos automotivos.
Dessa forma, comprar carros fica mais barato e as pessoas tendem a ir para as concessionárias.
Outro fator que ajuda a explicar o aumento de vendas está nos próprios profissionais do setor, que estão cada vez mais aplicados e dedicados.
Hoje em dia, não é raro ver um vendedor de concessionária pensando em uma nova estratégia de vendas de carros, utilizando elementos como neurociência, dados e gatilhos mentais para vendas.
Isso, claro, faz com que a conversão de clientes seja maior. Parece pouco, mas cada concessionária que tenha um ou dois clientes a mais por mês faz um efeito considerável em longo prazo.
É só fazer, por exemplo, a diferença de vendas de 2018 para 2019. Foram menos de 220 mil. Considerando que a média de concessionárias no país seja de 8.000, o aumento significaria 27,5 novos carros para cada concessionária ou 2,29 carros novos por mês.
É pouco mesmo, mas que faz uma enorme diferença quando acontece com todas as empresas do país.
Outra razão que explica o aumento de vendas está na oferta de carros. Em 2019, foram lançadas novas gerações do Hyundai HB20 e do Chevrolet Onix, além da chegada do Onix Plus, substituto do Prisma.
Por causa disso, esses carros venderam mais, o que contribuiu para o crescimento dos números.
Pelo fato do Brasil ter sido acometido pelo coronavírus em março, que fechou montadoras e concessionárias, muitas pessoas passaram a esperar por um 2020 negativo.
No entanto, há uma projeção de esperança para o futuro. Na China, por exemplo, a venda de carros particulares aumentou após a primeira onda do coronavírus pois as pessoas preferiram andar de carro em vez de transporte público para evitar contaminações.
Além disso, na época da crise do H1N1 em 2009, o governo propôs uma redução do IPI, que impulsionou a produção de automóveis e ajudou na recuperação do setor.
Ainda é cedo para saber, mas é possível que ações semelhantes sejam tomadas na recuperação pós-coronavírus.
Se esse tipo de atitude for tomada e os consumidores brasileiros se comportarem como os chineses, é provável que o número de vendas de carros em 2020 aumente bastante nos próximos meses e siga assim especialmente no segundo semestre.