A China é o epicentro da epidemia do Covid-19, uma variação do coronavírus que vem causando milhares de mortes e infectados no planeta inteiro. Só no país asiático, foram 80 mil pessoas contaminadas pelo vírus e 2.981 mortes.
Por causa da epidemia, o estilo de vida na China mudou radicalmente. Fábricas fecharam, lojas mudaram suas rotinas e muita gente passou a ficar mais tempo em casa, seja em auto reclusão ou em ações governamentais para tentar diminuir o ritmo de contaminação da doença.
Quem tem crescido por causa disso é a indústria de Marketing Digital da China, que manteve o padrão de crescimento mesmo com a força da epidemia, ou melhor, talvez graças a força da medida, especialmente por causa do aumento de demanda por publicidade online para jogos, vídeos de educação e de entretenimento.
Uma das principais razões que explicam o crescimento do setor de Marketing Digital na China desde a epidemia do Covid-19 é o fechamento de locais públicos durante a maior festa anual do país: o Ano Novo Chinês. Como não haverá celebrações públicas, a demanda por jogos, vídeos, produtos online e outras opções de entretenimento na China aumentou vigorosamente. Para aproveitar os melhores cenários, as agências de Marketing Digital aumentaram seus trabalhos de publicidade online para captar essa demanda extra.
Para se ter uma ideia, universidades e escolas de diferentes níveis e estruturas adiaram o início do semestre atual da primavera. Isso abriu uma brecha para que os estudantes de todas as idades se preparassem mais em casa, utilizando o sistema de educação online, para minimizar as perdas. Por isso, as principais escolas e plataformas de cursos online foram quem mais recebeu crescimento de clientes e mais contratou os serviços de agências de marketing digital.
Outro fator que ajudou o setor foi o fato de que as agências de marketing na China não precisa necessariamente que os seus funcionários saiam de casa para trabalhar. É como aqui no Brasil: uma agência de marketing digital pode executar seu trabalho a partir de um ambiente digital que reúne todos os seus talentos juntos.
Assim, é possível ter um especialista em SEO, um redator, um espeicalista em anúncios, outro em redes sociais, mais um de e-mail marketing e outros profissionais juntos mesmo que cada um deles esteja em uma cidade do país.
Desse jeito, as agências puderam manter o fluxo de trabalho e aumentar o ritmo para dar conta da demanda extra.
Em contraste, a publicidade tradicional caiu no país inteiro, especialmente em agências que atendem os setores de varejo, cinema, televisão e catering, que perderam seus clientes para as agências digitais.
Não é à toa, por exemplo, que as agências de publicidade tradicionais fortaleceram os seus departamentos online para poder começar a competir nesse novo contexto de uma China enclausurada pós-Covid 19.
O mercado de publicidade online na China é relativamente diferente do cenário ocidental pois muitas das ferramentas disponíveis por aqui não são relevantes no país.
A principal diferença, por exemplo, é o fato de que não há presença do Google na Internet chinesa. O principal buscador do país é o Baidu, que está no centro de um debate sobre mudanças nas regras de publicidade online.
O Baidu, ao contrário do Google, não diferencia anúncios pagos de resultados de buscas orgânicos. Por causa disso, houveram casos em que cidadãos chineses foram enganados pelos anúncios e tiveram consequências terríveis.
Um cidadão, por exemplo, morreu após fazer o tratamento experimental de um hospital que tinha anunciado no Baidu. Por não saber se tratar de um anúncio, o homem aceitou o tratamento e não resistiu.
Na ocasião, as ações do Baidu caíram 14% e levantaram um debate sobre as regras da publicidade online.
Além da diferença entre o Baidu e o Google, o mercado online chinês ainda conta com outros dois ativos que não encontram paralelos no setor ocidental: o Alibaba e o Tencent.
Ambos apresentam uma mistura híbrida de conteúdo, redes sociais e e-commerce, além de outras facetas, o que acumula a presença de usuários e os torna mais valiosos para os anunciantes.
Isso faz com que existam profissionais na China que não poderiam trabalhar em uma agência digital brasileira, uma vez que suas funções não encontram paralelo por aqui.
O mesmo vale para alguns profissionais que trabalham por aqui, que não encontram paralelos no mercado chinês.
Mesmo com essas diferenças, o objetivo final das agências chinesas ou brasileiras é o mesmo: encontrar leads e consumidores para os seus clientes.
Resta ver se o Covid-19 terá o mesmo efeito aqui no Brasil, agora que já temos os primeiros casos confirmados no país. Caso a situação se complique e mais casos apareçam, é possível que as empresas e escolas fechem também, o que poderia favorecer as agências de marketing digital brasileiras também.
No entanto, como ainda não existem muitos casos confirmados, esse cenário é ainda uma projeção e não uma realidade.