O Brasil tem um forte setor agropecuário, e, de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), a área é responsável por um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) e por 48% das exportações. Mesmo assim, cerca de 80% dos insumos usados no Brasil para corrigir eventuais falhas de fertilidade do solo são importados e cotados em dólar.
Desta forma, a rochagem – ou remineralização do solo – se torna um procedimento alternativo em meio à alta do câmbio e da moeda estrangeira e possibilita a redução dos custos com o uso de fertilizantes e os preços finais das safras.
Esse processo foi normalizado no país em 2016 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Segundo o texto publicado pelo órgão, a rochagem “trata-se de uma rocha moída e peneirada que tem a função de melhorar a qualidade física e química do solo. A diferença para os fertilizantes comuns está na solubilidade e concentração, mas ambos têm atuação complementar”.
Assim, a rochagem caracteriza-se como um procedimento de inclusão de insumos agrícolas no solo, de acordo com a Instrução Normativa nº 5. O procedimento é realizado através do uso de rochas em estado natural, em granulometrias únicas ou mescladas. Assim, o pó da rocha com os minerais necessários é aplicado para tentar recuperar o solo da infertilidade, seja por processos de colheita ou erosão.
Além dos benefícios já citados, também há melhora nas atividades biológicas do solo. Apesar dos questionamentos sobre a solubilidade, há explicações e estudos que afirmam que sua eficácia está relacionada à disponibilidade e interação química entre alguns fatores, como a acidez da chuva, a biomassa vegetal, as raízes e as atividades microbianas que existirão no solo.
Mesmo assim, especialistas como o geólogo e pesquisador da Embrapa, Éder Martins, explicam que os remineralizadores não são os substitutos oficiais dos fertilizantes. Isso porque possuem uma quantidade limitada de nutrientes. “As rochas têm um teor de nutrientes baixo – na média, possuem apenas 10% de óxido de potássio, ou seja, precisamos de mais pó para compensar isso”, ressalta ele.
Por Alice Bachiega