Uma dúvida frequente entre os viajantes que estão prestes a embarcar para o exterior: como comprar dólar e/ou trocar dinheiro para os dias longe de casa? Usar ou não o cartão de crédito e débito? O pessoal do EconoWeek e da editora O Viajante compartilharam algumas dicas com a gente.
A dupla de economistas, César e Étore, responsáveis pelo canal EconoWeek, e Zizo Asnis, editor-chefe da editora O Viajante, comentam um assunto muito importante para quem vai fazer uma viagem internacional: o câmbio.
As dicas vão ajudar tanto quem quer comprar dólar quanto quem prefere trocar real pela moeda do país que será visitado. Veja as dicas e, se tiver dúvidas, deixe um comentário com as suas perguntas!
1. Fazer o câmbio antes ou durante a viagem?
No Brasil, só vale a pena fazer câmbio para a moeda do país se a viagem for para um lugar de moeda forte, caso dos Estados Unidos (dólar), de boa parte da Europa (euro) e do Reino Unido (libra). Se a viagem for para um país de moeda fraca, compre dólar ou euro aqui e somente no destino adquira a moeda vigente.
Pode parecer uma ideia pouco inteligente porque será preciso trocar o dinheiro duas vezes, mas em função da baixa procura dessas moedas, as casas de câmbio no Brasil cobram uma taxa mais alta e que tende a sair mais cara do que o duplo câmbio.
E exceto no caso de estar indo a Buenos Aires, Santiago ou Montevidéu, nem pense em levar reais para trocar lá fora – nossa moeda é pouco procurada fora das capitais do Cone Sul.
Por outro lado, trocar real por qualquer outra moeda ainda em território brasileiro lhe dá a possibilidade de fazer diversas trocas, garantindo uma cotação média; dessa maneira você não contará com a melhor taxa de câmbio possível, mas também não correrá o risco de no último dia ter que comprar dólar ao dobro do preço de dias atrás e ter que diminuir suas compras ou seus passeios durante a viagem.
A verdade é que não existe solução mágica, e todas as formas apresentam vantagens e desvantagens. Por isso, o ideal é se precaver e tentar pagar as despesas de viagem utilizando mais de uma maneira.
Para gastos corriqueiros, como transporte público e refeições na rua, o dinheiro é o ideal, mas para despesas altas, reserva de hospedagem, aluguel de carro e para qualquer tipo de imprevisto, é sempre bom contar com o “dinheiro de plástico”, o cartão.
2. Como fazer o câmbio?
Pesquisar a melhor cotação implica ligar para cada Casa de Câmbio e verificar se no valor já está inclusa a taxa de IOF ou não. Além disso, a dica é verificar se a casa de câmbio é confiável antes de fechar o negócio.
O Banco Central tem uma lista de instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio no Brasil que seguem normas bem rígidas e são inspecionadas de perto; assim o risco de você ser enganado é mínimo.
Você também pode consultar taxas no site Melhor Câmbio, que compara cotações de câmbio turismo em papel moeda e cartões pré-pagos, entre as corretoras do local onde você mora
3. Onde NÃO fazer o câmbio?
Evite fazer trocas de moeda em aeroportos, mas também fuja de casas de câmbio desconhecidas em qualquer país que esteja. Nos aeroportos, apesar de apenas operarem corretoras mais confiáveis, também são praticadas as taxas mais desvantajosas para o cliente.
Não é incomum ver condições muito mais favoráveis de troca na mesma rede de casas de câmbio logo do lado de fora dos aeroportos.
4. Para viagens na América do Sul: dólar ou moeda local?
Moedas com menor circulação, como o peso chileno, são encontradas com mais dificuldade nas casas de câmbio brasileiras, mas é possível fazer a compra aqui. As cotações, porém não costumam ser as mais favoráveis e vale a pena comprar dólar no Brasil para fazer as trocas no país de destino “aos poucos”.
Mesmo que isso incorra em taxação dupla (uma no momento da conversão do real para dólar no Brasil e outra no momento da troca de dólar por moeda local no país de destino), costuma garantir mais dinheiro no seu bolso para aproveitar a sua viagem.
Em países latino-americanos, principalmente na Argentina, o dólar costuma ser muito bem aceito no comércio local e não se faz tão necessário a troca pela moeda local.
Esta prática, porém, às vezes pode dar um “nó no cérebro” pelas constantes conversões que você terá que fazer mentalmente, como na hora de receber o troco, por exemplo, que virá em moeda local. Fica a seu critério medir se está disposto a se “preocupar” com isso a todo momento.
O real também costuma ser aceito em grandes cidades turísticas da América do Sul, mas não com a mesma facilidade do dólar. Se não quiser usar a moeda local, dê preferência para o dólar, pois contará com conversões mais vantajosas na hora da utilização e muito maior aceitação do que com o Real em mãos.
Qual moeda levar para Argentina?
A Argentina é quase um capítulo à parte, pois passa, dentre outros problemas, novamente por uma crise cambial. É mais vantajoso levar dólares em espécie, que no mercado paralelo – que não é tão paralelo assim, já que você o encontra em qualquer lugar e consegue chegar a sua cotação nos principais jornais do país.
Você consegue trocar seus dólares por pesos argentinos a taxas de 2 a 3 vezes mais vantajosas que a oficial. A taxa de câmbio “embutida” no preço das coisas, como refeição e souvenires, também costuma ser vantajosa e você não terá problemas em pagar tudo com dólar.
5. Qual moeda levar para a Europa?
Principais destinos na Europa também aceitam com facilidade o dólar, que é conhecido como a moeda mundial por ser aceita em praticamente todos os cantos do mundo. A dupla conversão, entretanto, pode trazer desvantagens, sejam pequenas ou grandes, por não ser a moeda corrente do país.
Levar a moeda local (EURO) sempre lhe garantirá a maior aceitação e liquidez possível na hora de seus pagamentos. Por isso, faça a troca aqui mesmo, antes de viajar, seguindo as dicas acima.
Caso pretenda visitar destinos que não fazem parte da zona do euro, como República Tcheca e Romênia, no Leste Europeu, vale a dica de comprar euro aqui e uma vez no destino adquirir moeda local.
6. Compensa usar cartão de crédito no exterior?
O ponto negativo para utilizar o cartão de crédito no exterior é o elevado IOF de 6,38%. O alto imposto cobrado pelo governo costuma assustar os viajantes que, na dúvida, preferem deixar o cartão em casa.
E, com a desvalorização do real, pode sempre rolar aquele susto na hora de pagar a conta, já que o valor dos gastos no exterior é calculado com base no preço do dólar no dia do fechamento da fatura.
Pode ser que você dê sorte, o dólar baixe nesse período e a conversão não seja tão cara assim, mas é difícil prever ou calcular essas possibilidades, há sempre um risco.
Fora essas questões inconvenientes envolvendo taxas, o cartão de crédito apresenta boas vantagens, especialmente em relação à segurança. Além de evitar andar com muito dinheiro, em caso de roubo, suspender o uso do cartão é relativamente simples, sem contar que, em momentos de imprevisto, sempre funciona como uma garantia.
E se você for um viajante antenado, provavelmente faz uso do cartão de crédito para acumular milhas e viajar ainda mais. Olhando por esse lado, um grande ponto positivo.
7. Vale a pena usar o cartão de débito no exterior?
Quem habilita a função de débito internacional, pode efetuar os pagamentos da viagem dessa forma conveniente e simples. Mas adivinha? O cartão de débito também sobre 6,38% de IOF e, no caso de saque, paga-se também mais uma taxa, valor que vai depender do banco e do tipo de conta corrente.
A vantagem em relação ao cartão de crédito diz respeito à cotação: no débito, vale o valor do dia e não o do fechamento da fatura, de modo que você já sabe quanto irá pagar.
É sempre bom lembrar que tanto para uso do cartão de débito quanto de crédito é preciso notificar o banco sobre a viagem, caso contrário, corre-se o risco de ter suas transações bloqueadas por suspeita de fraude ou clonagem.
8. E cartões pré-pago?
Queridinho de muitos viajantes, o cartão pré-pago tem um funcionamento bem fácil e prático. Você adquire o cartão, sem custo algum, e carrega com a quantia que vai gastar durante a viagem.
Evita ter que carregar muito dinheiro e possibilita o uso tanto do serviço de saque quanto de débito. Outra vantagem é saber que, em caso de necessidade, sempre é possível realizar uma nova recarga.
O uso do pré-pago não está disponível em todas as moedas, apenas nas mais importantes, como dólar, euro e libra e, em alguns casos, dólar australiano, dólar canadense, yen japonês ou peso argentino; para saber mais consulte seu banco ou sua operadora de cartão.
O uso dessa forma de pagamento não livra você dos 6,38% de IOF e, para cada saque, independentemente do valor, paga-se uma taxa de 2,50, em dólar, euro ou libra, variando de acordo com o cartão.
Via Skyscanner