Levantamento do IBGE aponta que consumo de arroz, feijão, legumes e frutas diminuiu, enquanto houve aumento da ingestão de alimentos processados, como salgadinhos, refrigerantes e adoçantes
Moqueca de peixe, feijoada, tucupi, churrasco, farofa, camarão na moranga, caldeirada, pão de queijo, pudim de leite, brigadeiro, quindim e o clássico arroz com feijão: a culinária brasileira é internacionalmente reconhecida por sua diversidade de gostos, cores, temperos e aromas.
Contudo, nos últimos anos, pesquisas investigam como os hábitos alimentares do brasileiro têm mudado. Um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2017 e 2018, mostra uma piora na qualidade da alimentação da população a partir da redução da ingestão de frutas e do aumento do consumo de bebidas e alimentos processados, com destaque para os adoçantes.
Conclusões da pesquisa
Divulgada em 21 de agosto, a pesquisa do IBGE também mostrou que o consumo de arroz, feijão, carne bovina, ovos, fibras, gorduras saturadas e pão de sal caiu, mas houve aumento da ingestão de salada crua, aves, pizzas, salgadinhos e açaí. Além disso, ocorreu uma substituição da batata-inglesa, mais rica em carboidratos, pela batata-doce.
Além do alto nível da adição de açúcar em bebidas, outro alerta importante foi que 53,8% da população ingere sódio acima do limite recomendável pelos profissionais de saúde, o que pode ser explicado por uma intensa adição de sal em alimentos prontos.
Média diária de calorias
A ingestão calórica diária variou pouco em comparação à pesquisa anterior, realizada entre 2008 e 2009. Se, antes, a média era de 1,9 mil kcal por dia, agora, é de 1.969. Houve um aumento das calorias diárias ingeridas, especialmente, em pessoas com idade entre 19 e 59 anos.
Enquanto 53% das calorias diárias provêm de alimentos in natura ou minimamente processados, 15% vêm de ingredientes culinários processados, 11% de comidas processadas e 19% de pratos ultra processados.
A pesquisa do IBGE entrevistou 57,9 mil famílias e selecionou 20,1 mil pessoas para responder às perguntas mais detalhadas de hábitos alimentares. Nesta segunda etapa, os entrevistados precisaram registrar todos os alimentos consumidos e suas respectivas quantidades, durante 24 horas.
Uso de adoçantes
Estes são utilizados especialmente no consumo de bebidas e na preparação de doces para quem quer evitar o consumo de açúcar branco. Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomende que o açúcar deve representar entre 5% e 10% das calorias diárias, no Brasil, esse consumo ficou entre 16 e 18%, o que traz riscos à saúde, como maior incidência de diabetes e aumento da gordura no fígado.
Na busca de reduzir ou evitar o consumo de açúcar, para não desenvolver problemas de saúde, é comum que as pessoas o substituam por adoçantes. Contudo, poucos indivíduos sabem a diversidade de tipos que existem e as recomendações sobre cada um deles.
Recomendações
Existem adoçantes naturais e artificiais. A diferença entre eles está no sabor, na forma e nos ingredientes utilizados em sua produção. Os primeiros são produzidos com edulcorantes vindos da natureza, como é o caso do stevia, oriundo da planta Stevia rebaudiana, cujas folhas possuem substâncias doces, chamadas glicosídeos, além daqueles produzidos a partir do xilitol, advindo do milho.
Já os adoçantes do segundo tipo são feitos a partir de substâncias sintéticas, que estimulam os receptores do sabor doce na língua. Aspartame, acessulfame de potássio e sucralose são os exemplos mais conhecidos desse grupo.
Embora muita gente acabe ingerindo adoçantes com o objetivo de evitar o consumo de açúcar branco, é preciso ter cautela e conhecer os possíveis efeitos adversos dessa substituição. Apesar dessa mudança ser motivada pela preocupação em manter a saúde, como qualquer outro alimento, os adoçantes podem ter efeitos danosos.
Um deles é a atuação no sistema nervoso, provocando a sensação insaciedade no organismo, o que produz mais fome e acaba estimulando a pessoa a comer além do necessário.
Por isso, se você já tentou, mas não consegue tomar chá e café sem adicionar açúcar, procure outras substâncias para adoçar essas bebidas, tais como mel, açúcar mascavo, mel de agave, planta nativa do México, e xarope de bordo, um tipo de árvore, presente na bandeira nacional do Canadá.