Desde o início da pandemia, muita coisa mudou na vida do brasileiro. Com o isolamento social, as famílias se voltaram para dentro de seus lares e perceberam que não estavam bem equipados para passar longos períodos dentro de casa.
Dessa necessidade explodiu o consumo de eletrodomésticos nas lojas virtuais, que só na primeira semana de abril venderam 3 vezes mais aspiradores de pó do que neste mesmo período, no ano passado, segundo a consultoria Gfk.
Se unir as vendas online e presenciais, nota-se que houve uma redução de 41% na venda de produtos eletroeletrônicos, porém quando se considera somente as vendas pela internet, houve um crescimento de 65%. Isso porque, com a pandemia, as lojas físicas se viram obrigadas a fechar as portas por um mês, e o comércio especializado pausou as atividades por mais tempo ainda, deixando a venda de eletrodomésticos, eletrônicos e outros artigos do lar exclusivamente para hipermercados, que tiveram a permissão de manter o funcionamento durante a quarentena, por serem serviços essenciais.
Enquanto entre março e abril do ano passado a venda de eletrodomésticos no comércio eletrônico ocupou uma fatia de 25% do total, este ano ela cresceu para 70%. Itens como liquidificador e ventilador tiveram um aumento nas vendas online de mais de 100%.
O consumidor brasileiro, ao se ver passando longas horas dentro de casa, cozinhando, fazendo faxina e cuidando da educação das crianças, optou por comprar eletrodomésticos que tornam suas tarefas mais confortáveis e mais rápidas. Como resultado, houve um crescimento de 86,1% na venda de cafeteiras, 79,9% na venda de processadores de alimentos e crescimento de 78% na venda de batedeiras, resultados todos para as vendas pela internet. Acompanhando este crescimento, há também a alta na navegação nas páginas de culinária: 54% quando comparado com o mesmo período no ano passado.
Na prática, esse crescimento faz com que negócios de assistência técnica, como a empresa Assistec, também cresçam por tabela. Portanto, é seguro dizer que esse aumento de consumo de eletrodomésticos crie um efeito cascata no mercado de trabalho. E por falar nele…
O brasileiro se preparou também para voltar ao mercado de trabalho na versão “home office”. Para isso, foi necessário fazer uma melhoria na própria casa, com cadeiras e mesas confortáveis, equipamentos de iluminação, e claro, um notebook. Prova disso é que a venda dos notebooks cresceu 10,8% no varejo total (lojas físicas e online) e 85% nas vendas pela internet.
O mercado de tablets também ganhou novo fôlego nesta pandemia. Comparado com as primeiras 14 semanas de 2019, quando estava sofrendo uma queda de 7%, neste ano de 2020 houve um crescimento nas vendas de 41% somente nas plataformas online. Na semana entre 30 de março e 5 de abril a venda digital de tablet subiu 111,6%. A explicação está ligada ao coronavírus: o tablet é um aliado dos pais na educação e entretenimento de seus filhos e, como eles tiveram de ficar em casa por mais tempo, os pais resolveram comprar mais desse item.
E para o entretenimento dos adultos, a venda de televisões de tela plana no comércio eletrônico tiveram um crescimento de 71,1% e a assinatura de serviços de streaming de filmes e seriados cresceu 27%. Outro item que, assim como o tablet, foi salvo do esquecimento neste ano, foi o aparelho de música micro system. A Gfk apontou um crescimento de 119,6% nas vendas deste aparelho nas plataformas virtuais. Jogos eletrônicos ficaram para trás, com um crescimento de 5,4% no varejo total.
O smartphone não só esteve ausente na lista de itens em alta no período de isolamento social, como despencou nas vendas no varejo total, com uma queda de 76,1%. Ao fazer o recorte apenas para lojas virtuais, a retração é menor, de 41,8%. O diretor da Gfk segue confiante que a tendência é de recuperação até o quarto trimestre, e afirma que o comércio eletrônico foi a tábua de salvação do eletroeletrônico no período em que as lojas físicas estavam proibidas de abrir em todos os Estados do Brasil.