Da comida caseira aos petiscos de boteco, confira a lista de pratos simples, cheios de história e carinho.
Alguns chefs e críticos defendem que não existe comida boa ou ruim: existe comida. Enquanto a alta gastronomia traz elementos de luxo e sofisticação, processos de cozimento bastante elaborados e pratos que mais parecem obras de arte, a baixa gastronomia atende a todos os públicos e gostos, com receitas tradicionais e práticas, além da versatilidade de receitas por conta da disponibilidade dos ingredientes, a exemplo das carnes, aves e peixes. É uma cozinha que traz grande carga de memória cultural e afetiva, alimentando o corpo e a alma.
Arroz carreteiro
Em uma velha panela de ferro, vai o arroz e a carne bovina picada ou desfiada, podendo ser carne-seca ou charque (a carne de sol gaúcha). De complementos, a receita ainda leva pedaços de paio ou linguiça, refogados em gordura, alho, cebola, tomate, cheiro-verde, pimenta, sal e água. A disponibilidade dos ingredientes sempre foi o principal critério na preparação.
O arroz carreteiro, hoje consumido em todo o Brasil e servido em restaurantes regionais, tem suas origens nos viajantes solitários, os campeiros e carreteiros (transportadores de cargas em carretas puxadas por bois), do Rio Grande do Sul. Na beira da estrada, eles cozinhavam o que tinham à disposição para se alimentar para dar sustância durante muitos dias de viagem antes de encontrarem um paradouro ou chegarem ao local de destino.
Também é conhecido como Maria-isabel em estados do Nordeste e Centro-Oeste, e consiste em uma mistura de arroz com carne de sol servida com farofa de banana.
Bife acebolado
Um dos pratos mais tradicionais na mesa do brasileiro, o bife acebolado é simples e versátil, podendo ser feito com carne magra, alcatra, filé ou o que estiver disponível no dia. A cebola é frita no caldo que sobra da carne e o prato é acompanhado por arroz, feijão, batatas fritas, às vezes farofa de ovo e salada ou legumes cozidos. Rápido e fácil de fazer, é uma boa pedida, seja no almoço em família, no boteco ou no restaurante de prato feito.
Bife a cavalo
Bife grelhado coberto por ovo frito e acompanhado por batata frita, arroz e salada. Outro clássico popular entre os brasileiros, o prato tem suas origens na Europa, possivelmente na Inglaterra, e chegou ao Brasil pelos portugueses. O nome vem de sua aparência, que lembrava as selas de montaria. Outra característica é a variedade de cortes para preparar um suculento bife a cavalo: filé mignon, contra-filé, bisteca, coxão mole, alcatra e fraldinha.
Frango ou galeto assado
Com carne macia e pele crocante, o frango ou galeto assado é um dos pratos mais pedidos no almoço de domingo em família. O consumo de frango assado e em outras preparações têm suas origens na Idade Média, na Europa, quando em épocas de jejum, os fiéis não podiam comer carne de animais de quatro patas. Logo, o consumo de aves foi a solução e, pouco a pouco, foi exportado para as colônias europeias em outros continentes.
O galeto assado na brasa, por sua vez, é um prato típico de localidades colonizadas por italianos no Sul e Sudeste do Brasil. Também conhecido como galeto al primo canto (do italiano, “primeiro canto”), é o frango jovem, abatido com cerca de 25 dias de vida, pesando entre 500 e 700 gramas. Antigamente era servido com polenta frita, salada verde com bacon e espaguete.
Hoje popularizados em todo o Brasil, o frango ou galeto assado são temperados com molhos de ervas e acompanhados por arroz, farofa e batatas cozidas ou fritas.
Petiscos de boteco
Torresminho, frango a passarinho, linguiça frita, pastel de carne, empadinha de camarão, bolinho de bacalhau, coxinha, quibe frito e carne seca com mandioca. Esses são alguns dos quitutes mais populares nos bares e botecos, principalmente no litoral, e acompanham desde a cervejinha e o chopp gelado, à água de coco e a caipirinha.
Sardinha frita
Seja enlatada ou congelada, a sardinha é uma opção prática, barata, crocante e saborosa para as refeições do dia-a-dia. Além disso, há uma variedade de receitas para se preparar a sardinha frita: com fubá, com limão e sal, frita no azeite, frita no alho refogado ou no espeto. Há versões para todos os gostos! E a versatilidade continua nos acompanhamentos: a sardinha frita vai bem com um prato feito de arroz, feijão-carioquinha e salada de batata, como também com uma salada verde ou legumes cozidos.
Moqueca
Outro prato de pescados super versátil é a moqueca, um cozido geralmente preparado com peixe, camarão ou siri. A origem da palavra moqueca tem tantas variações quanto a própria iguaria: uma delas na palavra tupi “moquém“, uma grelha de madeira utilizada para defumar o peixe embrulhado em folhas de bananeira ou de palmeira. Outra possível versão também é de uma outra palavra do tupi: “pokeka”, que significa “embrulhado, enrolado”.
A moqueca também pode ter origem da palavra “mu’keka”, que na língua quimbundo significa “caldeirada de peixe”. As influências da culinária angolana estão presentes na preparação do prato, principalmente no estado da Bahia, com o uso de ingredientes como pimentão, azeite de dendê e leite de coco. Alguns dos peixes mais utilizados para preparar moqueca são robalo, badejo, dourado, namorado, cação e garoupa.