Principalmente na pandemia, os métodos ágeis ganharam ainda mais destaque. Mas, diferente do que muitos podem pensar, não se trata de uma fórmula, até mesmo porque as organizações que contam com este modelo precisam encarar grandes desafios.
O agile não é só um método, mas uma jornada e organizações que adotam esse modelo precisam encarar de frente suas próprias vulnerabilidades frente às mudanças e repensar a própria cultura e propósitos. A Plano Consultoria Empresarial esclarece os principais pontos em torno do assunto.
Do desenvolvimento de softwares à transformação de milhares de organizações
A metodologia ágil surgiu em 2001, criada por um grupo de desenvolvedores de software.
O intuito era atingir objetivos rapidamente em cenários que mudam na mesma velocidade mas, diante do cenário complexo da atualidade de constantes mudanças, o modelo ágil se expandiu a milhares de empresas ao redor do mundo.
Mas basta implementar um modelo ágil? Pesquisa realizada com 112 empresas mostrou que 90% delas relataram que tiveram dificuldades para implementar transformações ágeis em toda a organização, mesmo após terem sucesso em projetos iniciais de pequena escala.
O ágil pode “estressar” sistemas já existentes nas organizações
No caso de uma organização já estabelecida há algum tempo e que opere num modelo tradicional, mudar para um modelo operacional ágil é mais difícil.
São muitos os caminhos e pontos de partida para que uma organização chegue à agilidade, mas todas as organizações, independentemente de como foi o processo para se tornarem ágeis, apresentam importantes características.
Organizações tradicionais – geralmente estão estruturadas em torno de uma hierarquia estática, com silos isolados uns dos outros.
Modelos tradicionais também têm como característica órgãos de governança no topo e direitos de decisão que funcionam em uma hierarquia abaixo.
Organizações ágeis – são formadas por uma rede de equipes que agem em ciclos rápidos de aprendizados e de tomada de decisões.
Modelos ágeis também têm como característica a definição de um propósito comum e a utilização de dados novos para dar direito de decisão às equipes engajadas com as informações. É um modelo que combina velocidade e adaptabilidade com estabilidade e eficiência.
Como iniciar uma jornada de agilidade quando a organização não nasceu no modelo ágil!
Muitas organizações, com exemplo das startups, já nascem ágeis, mas as demais organizações poderiam optar por três tipos de jornadas:
- All-in “de uma só vez” – com o intuito da agilização da organização inteira e uma série de “ondas” de transformação ágil;
- Passo a passo – que demanda abordagem sistemática e mais discreta;
- Emergente – que aplica abordagem de baixo para cima.
As transformações para que empresas se tornem ágeis variam em ritmo, escopo e abordagem, mas todas elas envolvem duas etapas mais extensas e um conjunto de elementos em comum.
Não há fórmulas! Cada organização demanda abordagem específica, portanto, o que iremos apresentar são panoramas que podem variar de empresa para empresa.
Há dois conjuntos de elementos que formam uma abordagem iterativa que demanda que a organização teste, aprenda e corrija o curso constantemente.
Aspirar, desenhar e criar pilotos
Este conjunto de elementos “acordam” sobre uma visão de agilidade ideal, elaboração do projeto e aprendizado por meio de pilotos ágeis.
Há uma jornada que se correlaciona, que envolve:
- Aspiração da equipe de liderança – o alinhamento e o comprometimento com a visão presente no escopo da transformação ágil, com base em uma avaliação da organização atual.
- Projeto (blueprint) – identificar como a agilidade pode liberar o máximo de valor e desenhar o modelo operacional correspondente.
- Pilotos ágeis – lançar pilotos para testar o modelo em uma área que tenha sido definida.
Ampliar e aprimorar a agilidade
Este conjunto de elementos tem como intuito criar células ágeis e transformar o backbone (espinha dorsal que interliga uma série de servidores que estão distantes da organização), com o suporte de uma abordagem sistemática de capacitação.
Há uma jornada que se correlaciona dentro deste conjunto, que envolve em cada setor:
- Implantação e apoio a células ágeis – desenhar e implantar unidades ágeis (onda por onda), que pode incluir a transferência de pessoas para outras funções.
- Transformação do backbone – tem o papel de reconfigurar os principais processos e sistemas da organização para que favoreçam a agilidade.
- Aceleração de capacidades – envolve desenvolver as novas capacidades necessárias para manter a agilidade.
Os dois conjuntos e seus elementos interagem continuamente entre si.
Escolha as pessoas certas para a transformação ágil
Muitas organizações falham porque contratam equipes apenas com “estrelas” de desempenho e isso pode ser prejudicial em algum momento, porque essas equipes já possuem uma rede de relacionamentos enraizada em que a desconexão de funções anteriores se torna muito mais difícil.
A grande aposta da transformação ágil de sucesso está em investir em equipes com “estrelas ocultas”, ou seja, não são contratados profissionais reconhecidos para funções-chave, mas as fichas são apostadas nas estrelas ocultas, naqueles colaboradores que possuem talentos e os contatos necessários para o desenvolvimento e implantação de uma iniciativa.
O benefício dessa ação é que as pessoas estarão menos “engessadas” no pensamento de “aqui fazemos as coisas desse jeito”, ou seja, apresentam maior flexibilidade, uma das características mais importantes para que o modelo ágil possa de fato transformar a organização.