A modelo e jornalista Lygia Fazio morreu nesta quarta-feira (31), aos 40 anos, em São Paulo. A notícia foi confirmada em seu perfil oficial do Instagram.
Ela estava internada há quase um mês por complicações após uma cirurgia quando foram aplicados silicone industrial e PMMA em seus glúteos. As substâncias se espalharam pelo seu corpo, desencadeando infecções e um AVC (Acidente Vascular Cerebral).
“Infelizmente nossa guerreira fez a passagem. Agradecemos mais uma vez todo o apoio”, diz uma das notas publicadas no Instagram de Lygia.
“Peço que entendam o nosso momento, não conseguimos responder cada mensagem. Além disso, informações do que houve já foram explicadas aqui. Não é minimamente relevante explicar todos os detalhes agora. Respeitem nossa dor”, complementou a outra.
O velório acontece nesta quinta-feira (1º) em Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo. Lygia deixa dois filhos: Davi e Thor.
Repercussão
Duas publicações de amigas próximas a Lygia, citando o seu estado de saúde, foram compartilhadas no perfil da jornalista. “Gente, até quando esses médicos assassinos vão colocar PMMA nas pessoas? Isso é crime! Tem que ser proibido. Descanse em paz”, escreveu uma.
“Estou sem acreditar. Não queria acreditar nisso não, amiga. Poxa vida. Tantas vezes que sempre falei para retirar, para ir no médico”, publicou outra.
Número maior
Em uma entrevista ao programa “Superpop”, na Rede TV!, em março de 2022, Lygia deu detalhes sobre a decisão de aplicar substâncias no corpo ainda em 2013.
“Como eu trabalho com desfile, todo mundo queria ter o bumbum maior que a outra. E olha o que aconteceu: me olhava no espelho, tinha uma bunda pequena, olhava e queria mais. O médico não queria colocar o PMMA. Coloquei 450ml de cada lado com PMMA e foi antes de eu saber que era proibido. Coloquei em 2013 e deu um volume legal”, iniciou.
No entanto, a jornalista também explicou que o namorado na época não ficou satisfeito com o resultado e pediu que ela fizesse outro procedimento.
“O namorado falando que ‘bunda grande é melhor’, aí fui no clandestino, coloquei e cresceu. Mas o produto parece que ‘anda’ no corpo, desce para as pernas. No meu caso, foi para os lados. Aí tive que tirar, fazer um corte, em forma de coração. Há quatro meses, o médico retirou todo o silicone e PMMA”, acrescentou.
PMMA e seus riscos
À CNN, o cirurgião plástico Alexandre Kataoka explica que o PPMA é um material de preenchimento aprovado apenas para procedimentos minimamente invasivos no tecido facial, e está entre as substâncias mais frequentemente usadas para fins estéticos.
No entanto, por ser definitivo, pode causar complicações. “É o caso da formação de nódulos, enrijecimento da região, infecção, alergias, dor crônica, rejeição do organismo e até necrose do tecido”, alerta.
Além disso, o especialista também cita que a sustância pode levar à morte do tecido local e inflamações sistêmicas e, mais recentemente, há trabalhos comentando a falência renal.
“A injeção de um grande volume de PMMA pode levar ao desenvolvimento de hipercalcemia grave e lesão crônica em uma frequência subestimada. Nesses casos, a hipercalcemia se desenvolve devido a uma reação granulomatosa, que é a reação a um corpo estranho. O organismo reage ao PMMA dessa maneira, rejeita o produto aplicado”.