Antero Greco, de 69 anos, jornalista esportivo, morreu nesta quinta-feira, 16 de maio, vítima de um tumor cerebral. A notícia foi confirmada pela manhã por meio da ESPN.
De acordo com o comunicado, Antero sofria com a doença desde junho de 2022 e desde então vinha passando por sessões de radioterapia e cirurgias para tratar o tumor, que costumava chamar de “corpo estranho”.
Apesar de ter realizado uma cirurgia para a remoção, durante exames de rotina, o jornalista foi informado que ainda restava um pedaço do tumor e, por isso, passaria por nova operação. O procedimento estava previsto para outubro, porém teve de ser adiado após Greco passar mal na bancada do Sportscenter.
O câncer primário do Sistema Nervoso Central (SNC) ocorre pelo crescimento de células anormais nos tecidos do cérebro e da medula espinhal. Considerado raro, ele representa de 1,4% a 1,8% de todos os tumores malignos no mundo e é responsável por uma taxa desproporcional de morbidade e mortalidade.
Os tumores cerebrais primários, isto é, aqueles que se originam no cérebro, raramente se espalham para outras partes do corpo, mas mesmo aqueles considerados benignos e de crescimento indolente (lento) podem pressionar e destruir o tecido cerebral normal, causando danos neurológicos irreversíveis ou mesmo fatais.
No entanto, é importante entender a diferença entre os tumores que se iniciam no cérebro (tumores cerebrais primários) e os tumores que se iniciam em outros órgãos e se disseminaram para o cérebro (secundários ou metastáticos). Em adultos, os tumores cerebrais metastáticos são mais frequentes do que os tumores cerebrais primários.
Flávio Silva Brandão, oncologista da Oncoclínicas, explica que existem muitos tipos de tumores originados do cérebro de células diferentes. “Os mais comuns são os meningiomas, originados das células da meninge, e os gliomas, das células da glia. A maioria tem causa desconhecida, mas alguns são causados por alterações genéticas ou exposição à radiação ionizante. Infecções podem estar relacionadas com linfomas cerebrais. Muitos tumores cerebrais são metástases de outros órgãos”, relata.
Sintomas para ficar de olho
Os sintomas de tumores cerebrais podem ocorrer gradualmente, agravando-se ao longo do tempo, ou surgir de repente. Dentre eles, a dor de cabeça é o mais comum, pois está relacionada ao efeito de massa, infiltração do parênquima e destruição do tecido. Geralmente, ela ocorre em 35% dos pacientes.
Além disso, a hipertensão intracraniana pode ser causada pelo crescimento do tumor, edema no cérebro ou bloqueio do fluxo do líquido cefalorraquidiano (LCR) e levar a sintomas como dor de cabeça, náuseas, vômitos, visão turva, problemas de equilíbrio, alterações na personalidade ou no comportamento, convulsões e sonolência.
“Os sintomas são muito variados e dependem da localização do tumor e da velocidade de crescimento das lesões. As convulsões estão presentes em aproximadamente 20% dos pacientes com tumores cerebrais, podendo anteceder o diagnóstico clínico em meses a anos em pacientes com tumores de crescimento lento. Entre todos os pacientes com tumores cerebrais, 70% com tumores parenquimatosos primários e 40% com tumores cerebrais metastáticos desenvolvem convulsões em algum momento durante o curso clínico”, afirma Brandão.
São três grandes grupos de sintomas a serem observados:
- Dor de cabeça com alarmes: não é qualquer dor de cabeça comum que levanta a suspeita de tumores do SNC, apenas quando ela apresenta algum sinal de alarme. Esses alarmes costumam ser o surgimento de uma dor de cabeça nova (para quem nunca sentiu esse tipo de dor), mudança do padrão de dor de cabeça (para quem já apresentava dor antes), piora da intensidade (quando ela fica mais forte com o passar do tempo), aumento da frequência (quando a dor aparece mais vezes), ou quando a dor é fixa (toda vez ela aparece no mesmo lugar);
- Crises convulsivas: principalmente quando o paciente apresenta a crise convulsiva pela primeira vez;
- Perda de funções neurológicas: são chamados de déficits focais – quando há perda de força ou do tato nos membros, perda de visão ou de audição, alterações da fala ou da capacidade intelectual (compreensão, raciocínio, escrita, cálculo, reconhecimento de pessoas), mudanças de comportamento (apatia, agitação ou agressividade) em relação ao padrão normal da pessoa.
Tipos de tumores cerebrais
Os tumores primários do SNC compreendem uma ampla gama de entidades patológicas, cada uma com uma história natural distinta. Para simplificar, os tumores do SNC podem ser classificados como gliomas ou não-gliomas. Atualmente, características morfológicas e genéticas são encontradas em cada tipo de tumor e auxiliam no diagnóstico e classificação adequada desses tipos de tumores. Os principais tipos de tumores primários do SNC são:
Meningiomas – são geralmente benignos e se originam na dura-máter, camada que cobre o cérebro e a medula espinhal. A taxa de incidência é de aproximadamente 2 casos por 100.000 indivíduos. São mais comuns em mulheres na sexta e sétimas décadas de vida, além de serem os tumores cerebrais primários mais comuns em adultos. Muitos meningiomas são encontrados incidentalmente em exames de imagem e não requerem tratamento no momento do diagnóstico inicial. Para pacientes com meningioma assintomático, a observação pode ser uma opção de conduta. Se um efeito de massa é observado em pacientes com ou sem sintomas, o tratamento de escolha geralmente é ressecção cirúrgica completa. Radioterapia também pode ser usada como tratamento isolado ou complementar a cirurgia nesse tipo de tumor;
Adenomas Pituitários – os tumores hipofisários são tipicamente adenomas funcionais ou não funcionais. Anormalidades endócrinas podem ser encontradas na apresentação se os tumores estão produzindo peptídeos, como prolactina, hormônio do crescimento ou hormônio adrenocorticotrópico;
Gliomas – são tumores cerebrais primários originados de células-tronco neurogliais ou células progenitoras. Com base em sua aparência histológica foram tradicionalmente classificados como tumores astrocíticos, oligodendrogliais ou ependimais e classificados entre os graus I e IV da Organização Mundial de Saúde (OMS), que indicam diferentes graus de malignidade;
Meduloblastomas – tumores de crescimento rápido, considerados grau IV pela OMS. Podem ser tratados por cirurgia, radioterapia e quimioterapia. São mais comuns em crianças – seu pico de incidência ocorre entre os 2 e 7 anos de idade -, mas adultos jovens também podem apresentar.
Diagnóstico e prognóstico
A anamnese do paciente, seu histórico e o exame físico e neurológico com alterações são o ponto de partida para a suspeição de tumores do SNC. Diante da suspeita clínica, são realizados exames complementares em busca de neoplasias do SNC. Dentre os exames, o especialista pode solicitar: ressonância magnética , tomografia computadorizada, punção lombar e exames de sangue e urina.
Vale lembrar que embora exames de laboratório raramente façam parte do diagnóstico dos tumores cerebrais e da medula espinhal, podem ser realizados para verificar o funcionamento de outros órgãos, como fígado e rins, principalmente se a cirurgia e quimioterapia estiverem programadas.
O prognóstico de pacientes com tumores cerebrais benignos, em geral, é muito favorável. Já os pacientes com tumores cerebrais primários malignos ou metastáticos frequentemente morrem da doença.
Tratamento
Sobre o tratamento, o oncologista da Oncoclínicas reforça ainda que irá depender do tipo de tumor, área afetada e estadiamento da doença. Contudo, normalmente o processo se inicia com o neurocirurgião, para remoção do tumor ou de fragmento de tecido para biópsia.
Os próximos passos e a evolução vão depender do tipo específico do tumor, que consta no laudo da patologia, envolvendo o oncologista clínico, com o planejamento da quimioterapia, e o radio-oncologista, no planejamento da radioterapia.
“Existem também novos tratamentos disponibilizados em alguns casos, como terapia alvo, imunoterapia, anticorpos, além disso, avaliações iniciais mostram respostas interessantes com CAR-T cell em glioblastomas recidivados”, finaliza Flávio Silva Brandão.
Sobre a Oncoclínicas&Co
A Oncoclínicas&Co. – maior grupo dedicado ao tratamento do câncer na América Latina – tem um modelo especializado e inovador focado em toda a jornada do tratamento oncológico, aliando eficiência operacional, atendimento humanizado e especialização, por meio de um corpo clínico composto por mais de 2.700 médicos especialistas com ênfase em oncologia. Com a missão de democratizar o tratamento oncológico no país, oferece um sistema completo de atuação composto por clínicas ambulatoriais integradas a cancer centers de alta complexidade. Atualmente possui 143 unidades em 38 cidades brasileiras, permitindo acesso ao tratamento oncológico em todas as regiões que atua, com padrão de qualidade dos melhores centros de referência mundiais no tratamento do câncer.
Com tecnologia, medicina de precisão e genômica, a Oncoclínicas traz resultados efetivos e acesso ao tratamento oncológico, realizando aproximadamente 635 mil tratamentos nos últimos 12 meses. É parceira exclusiva no Brasil do Dana-Farber Cancer Institute, afiliado à Faculdade de Medicina de Harvard, um dos mais reconhecidos centros de pesquisa e tratamento de câncer no mundo. Possui a Boston Lighthouse Innovation, empresa especializada em bioinformática, sediada em Cambridge, Estados Unidos, e participação societária na MedSir, empresa espanhola dedicada ao desenvolvimento e gestão de ensaios clínicos para pesquisas independentes sobre o câncer. A companhia também desenvolve projetos em colaboração com o Weizmann Institute of Science, em Israel, uma das mais prestigiadas instituições multidisciplinares de ciência e de pesquisa do mundo, tendo Bruno Ferrari, fundador e CEO da Oncoclínicas, como membro de seu board internacional. Além disso, a Oncoclínicas passou a integrar a carteira do IDIVERSA, índice recém lançado pela B3, a bolsa de valores do Brasil, que destaca o desempenho de empresas comprometidas com a diversidade de gênero e raça.