Acusada de envenenar e matar a enteada de 11 anos para ficar com a herança dela, Jaira Gonçalves de Arruda, de 42 anos, deve ir a júri popular, embora ainda não haja data específica.
Foi publicada no Diário Oficial da Justiça desta quarta-feira (2) a sentença de pronúncia em desfavor de Jaira, uma decisão que não põe fim ao processo, mas decide que existem indícios de um crime doloso contra a vida, que o acusado pode ser o culpado e que, por se tratar de um crime doloso contra a vida, o processo será julgado por um tribunal do júri e não por um juiz sozinho.
A partir de agora, segundo a assessoria do Tribunal de Justiça, o processo passa para a segunda fase, que são os recursos que podem ser interpostos por ambas as partes. Só após o julgamento dos recursos, é decidido como será o julgamento do réu.
Jaira Gonçalves de Arruda está presa na Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, em Cuiabá, desde setembro de 2019.
Ela é acusada de matar a enteada Mirela Poliane Chue de Oliveira, de 11 anos, colocando doses de veneno na comida da menina, que morreu em junho do mesmo ano.
As investigações apontam que a madrasta queria ficar com uma indenização de R$ 800 mil que Mirela recebeu como indenização por erro médico do hospital em que nasceu. A mãe da menina morreu durante o parto dela.
Jaira envenenou a enteada com uma substância de venda proibida, ministrada gota a gota, entre abril e junho de 2019.
Motivação
A menina tinha direito a uma indenização pela morte da mãe durante o parto, decorrente de erro médico em um hospital da capital. A ação foi movida pelos avós maternos da criança. Em 2019, após 10 anos, o processo foi encerrado, e o hospital foi condenado a pagar uma indenização de R$ 800 mil à família, já descontando os honorários advocatícios.
Parte do dinheiro ficaria depositada em uma conta para a menina movimentar na idade adulta. A Justiça autorizou que fosse usada uma pequena parte desse fundo para despesas da criança, mas a maior quantia só poderia ser acessada aos 24 anos.
Mirella foi criada pelos avós paternos até 2017. Entretanto, após a morte deles, passou a ser criada pelo pai e pela madrasta. A partir daí, a mulher deu início ao plano de matar a criança para ficar com a indenização, segundo investigadores.
Internações
Do final do ano passado até a morte, Mirella foi internada várias vezes. No total, foram nove entradas em um hospital particular de Cuiabá, onde ficava de três a sete dias e, depois, melhorava. Ao retornar para casa, ela voltava a adoecer.
Ela recebia diagnósticos de infecção, pneumonia e até meningite. Na última vez em que foi parar no hospital, a menina já chegou morta.
Por Flávia Borges, G1 MT