A cada momento, surgem novas demandas em governança corporativa, sobretudo, no pilar do conselho de administração (CA). O CA é o órgão responsável por concentrar as principais deliberações referentes à gestão do negócio.
Planejamento estratégico e a tomada de decisões em uma organização, por exemplo, podem se tornar muito mais eficazes quando há o apoio de um órgão sólido no negócio, com foco em priorizar o seu desenvolvimento.
Com experiência de mais de 35 anos no mundo empresarial e desde 2015 à frente da MORCONE Consultoria Empresarial, hoje nesse artigo pretendo esclarecer questões em torno do desenvolvimento continuado no conselho de administração.
Desenvolvimento continuado no Conselho de Administração – Entenda
Por muito tempo nas organizações, a agenda girava em torno de assuntos técnicos sobre o cotidiano da empresa, mas com o passar dos anos, as necessidades foram passando por transformações, assim, a agenda também mudou.
Hoje, uma das principais necessidades, é a criação de uma agenda de desenvolvimento que trate além dos assuntos técnicos. O que se espera das reuniões do CA é uma atenção maior a questões comportamentais que envolvem o cotidiano das empresas.
Dentre as pautas que devem compor a agenda com foco no desenvolvimento continuado no conselho de administração, está o desenvolvimento de habilidades socioemocionais.
Desenvolvimento de habilidades socioemocionais
Tem se falado cada vez mais nas habilidades socioemocionais, que contemplam:
- Capacidade de lidar com as próprias emoções;
- Autoconhecimento;
- Capacidade de bom relacionamento com pessoas;
- Colaboração;
- Capacidade de mediar conflitos;
- Condições de solucionar problemas.
No ambiente das organizações essas são características fundamentais que precisam estar presentes entre os colaboradores. Organizações em que as pessoas tem em si habilidades socioemocionais bem desenvolvidas, se tornam ambientes muito mais saudáveis e produtivos.
Esse é um tema que deve ser parte da agenda de desenvolvimento no conselho de administração, principalmente nos próximos anos, considerando o avanço do número de pessoas com transtornos mentais no mundo.
Não apenas capacitações técnicas serão fundamentais às organizações, mas também comportamentais. Será cada vez mais necessário que se invista não apenas no desenvolvimento de habilidades técnicas entre os colaboradores, mas também no desenvolvimento de habilidades socioemocionais.
Habilidades socioemocionais como a escuta ativa, capacidade de mediação de conflitos e comunicação não violenta serão cada vez mais essenciais nas organizações.
Não ao autoritarismo
Ambientes em que predominam comportamentos autoritários (principalmente na liderança) estão fadados ao insucesso, isso porque se tornam ambientes organizacionais doentes que adoecem pessoas.
Negócios em que as pessoas responsáveis por cargos de liderança assumem postura inflexível, extremamente rígida e sem demonstração de empatia, em longo prazo, se tornarão ultrapassados, estando fadados ao fracasso. Não se pode subestimar a importância dos fatores comportamentais no sucesso de um negócio.
Escuta Ativa
A escuta ativa é outro fator relacionado às habilidades socioemocionais que as empresas precisam desenvolver cada vez mais. A escuta ativa está relacionada ao diálogo eficiente entre interlocutor e ouvinte. Está relacionada principalmente à capacidade da pessoa de ouvir, de estar aberta a receber as informações e conhecimento.
O que por muito tempo foi praticado entre as empresas foram as ações meramente de praxe em seu cotidiano como, por exemplo, a prática das reuniões. Se as pessoas se reúnem em determinado dia na empresa e não colocam em prática a escuta ativa a tendência é que todo o conteúdo exposto foi em vão, o tempo foi mal aproveitado e quem sabe, totalmente perdido.
Em uma organização, as pessoas precisam estar abertas a ouvir atentamente, para receber as informações e aproveitá-las o máximo possível.
Comunicação não violenta
Basicamente a comunicação não violenta (CNV) está relacionada à maneira como são expressos os desejos e necessidades, optando por um caminho pacífico.
Está relacionada à capacidade de mediação de conflitos. Em um ambiente acolhedor, as pessoas devem se expressar de maneira positiva, sempre abertas ao diálogo e à compreensão, mesmo quando as opiniões são divergentes.
PESSOAS como foco
A agenda de desenvolvimento continuado no conselho de administração tende a considerar cada vez mais a importância dos fatores humanos para o crescimento organizacional.
É muito comum, por exemplo, em minha atuação como consultor empresarial, ao analisar os processos de gestão do negócio, perceber que os principais problemas da empresa estão relacionados a fatores comportamentais.
Em um ambiente organizacional doente geralmente há líderes autoritários e com comportamento inflexível quanto à mudança de postura, em contrapartida, há colaboradores desmotivados, esperando a primeira oportunidade de oferta de trabalho para saírem da empresa, enquanto isso, desempenham as suas atividades de maneira desaminada e sem foco.
Esse é um retrato comum entre as empresas e o que em longo prazo impede o seu desenvolvimento no mercado. Não adiantará mudar metodologias de gestão, implantar novas tecnologias ou buscar financiamento para expansão, — se o problema estiver está nas interações humanas, nos fatores comportamentais.
Carlos Moreira – Há mais de 35 anos atuando em diversas empresas nacionais e multinacionais como Manager, CEO (Diretor Presidente), CFO (Diretor Financeiro e Controladoria) e CCO (Diretor Comercial e de Marketing).É empresário há mais de 15 anos e sócio e fundador da MORCONE Consultoria Empresarial.
Por Daiana Barasa